Junho foi considerado o mês mais seco em treze anos, com apenas 0,6 mm de chuva, conforme dados da Secretaria de Agricultura. Devido à estiagem, a profundidade do rio Itapetininga chegou em 50cm, conforme dados do engenheiro ambiental Vinícius Válio. Esse manancial é a única fonte hídrica que abastece Itapetininga e as cidades vizinhas com mais de 500 mil habitantes.
Válio avalia que o rio Itapetininga já enfrenta uma grave crise hídrica. Ele relembra que, em 2014, a profundidade do rio era de 70 cm. Agora, houve uma redução de 20cm. O engenheiro aponta que a diminuição no nível do rio afeta outras áreas que irão agravar a qualidade da água. Como exemplo, cita a diluição do esgoto.
A falta de chuvas diminui a capacidade dos sistemas de tratamento de esgoto, especialmente em áreas como o distrito do Turvo, localizado na bacia do Itapetininga e que pertence ao município de Tapiraí. Este distrito, apesar de contar com um sistema de tratamento eficiente, acaba influenciando negativamente a qualidade das águas do rio.
O engenheiro explica que a água utilizada em Itapetininga é uma mistura de água bruta do rio e de poços artesianos. Com o nível do rio em declínio, a água do poço se torna uma fonte importante para o abastecimento, mas a qualidade não é ideal. Válio ressalta que, devido à diminuição da vazão do rio, moradores do bairro Curuçá enfrentam problemas com odores e poluição, especialmente próximos ao Ribeirão Ponte Alta, onde o esgoto tratado é lançado no rio.
Ele contou que a situação é ainda mais crítica devido à crescente demanda por água, que não é mais totalmente suprida pelo rio Itapetininga. Para contornar essa escassez, a cidade tem recorrido a poços artesianos. No que diz respeito ao futuro, Válio destaca que não há planos concretos para enfrentar esses desafios no médio e longo prazo.
O engenheiro também discute o impacto das mudanças climáticas, o aquecimento global e o desmatamento na redução das chuvas na região Sudeste e Centro-Oeste. “Esses fatores contribuem para um padrão de chuvas mais irregular e para a escassez de água. Precisamos estar preparados para esses novos padrões e buscar soluções sustentáveis,” conclui Válio.