-Alberto Isaac – Em um passado muito recente – como se refere o cronista Rui Castro – e que ainda muitas pessoas guardam indelevelmente na memória, os carros de praça turbinavam o transporte de passageiros na cidade, em suas poucas e estreitas ruas. Dirigidos por dignos “choferes”, respeitados, admirados e corretos, trabalhavam com automóveis de marcas importadas do estrangeiro. Eram os Ford, Chevrolet, Dodge, Oldmosbile e mais tarde Opala, Corcel ou Del Rey, estacionados em endereços conhecidos, destinados a quem se interessasse em utilizá-los.
A época, em que o movimento teve início, foi quando as atraentes “diligências” deixaram de circular – vencidas pelo tempo – em Itapetininga, a partir, aproximadamente nos anos de 1920, a então denominada “Bell époque”. Diligências, mais reforçadas e com ampla acomodação, – de fabricação um pouco superior em segurança, – às românticas carruagens – serviam para tração ordinária entre localidades ainda não servidas por via férrea.
Os carros, quase todos, em princípio, possuíam cobertura de lona e ligados à manivela, eram encontrados em locais determinados pela prefeitura, através de um departamento específico da municipalidade. Alguns dos choferes, palavra francesa (chauffer), usavam elegante uniforme e vistoso boné e atendiam em “pontos”, como o “Primavera” e “Rodovia”, ambos situados no Largo dos Amores, “São Cristovão”, na Rua Padre Albuquerque, “Santa Casa”, na Praça do mesmo nome, “Estação”, em frente a gare da Sorocabana e outros em locais como no antigo Paquetá, na Chapadinha ou Chapada Grande.
Naquele tempo poucos carros particulares circulavam na cidade e seus proprietários, na maioria, “eram pessoas de poder aquisitivo acima do normal”, lembra com muita precisão Oswaldo Piedade, do alto da casa dos seus 90 anos, mas em plena lucidez e com saúde invejável. Toda população embevecia-se e admirava quando “os automóveis particulares desfilavam pelas ruas de Itapetininga, demonstrando poderio econômico e representando superioridade perante outros conterrâneos”.
Os motoristas ou chofer dos carros de praça brilhavam e trabalhavam com interesse em servir o passageiro, qualquer fosse a sua condição social. Destacavam-se então como profissionais “seu Fausto”, Maquério, Marcondes (Brigadeiro), Daniel Caipira, Domingão, Tonéco, Bia, Moacir Bicudo, Domingos Pascale (residente na Venâncio Ayres), Juvenal – primeiro a instalar uma auto-escola no município, Joaquim Santos, Ferreira e Gueis – ambos, posteriormente funcionários do DER – Décio Proença, Gênico, Fernando Maciel, André Flexa Verde, Jurandir Bicudo, Gimenez, Jaci Santos.
Uma classe intimamente unida, “cada um cuidando do seu trabalho e se possível auxiliando o colega no que fosse possível”, como acentua um “chaufer daquele saudoso tempo”, que não quis se identificar. Para todas ocasiões eram requisitados, nos momentos mais necessários, como nas tradicionais festas em louvor a N. S. Aparecida, com movimento intenso, casamentos, atos fúnebres, batizados e viagens em geral. Décio Proença não se esquece que o famoso e competente advogado Jango Mendes utilizava de seus serviços para as constantes viagens que realizava em cidades do Estado, atuando nos fóruns para assuntos jurídicos. Muitos deles eram contratados para “apanhar” passageiros de suas residências com a finalidade de embarcarem nos trens que trafegavam de madrugada. Um dos mais escolhidos e sempre disposto ao trabalho era o conhecido Marcondes, pai do ex-vereador e expedicionário Itaboraí Marcondes Machado.
Enfrentavam, naqueles idos, estradas de terra – sinuosas e tortuosas, com areal que dificultavam as viagens, buracos, lodaçal e “muitas vezes os carros ficavam impossibilitados de prosseguir a jornada em razão de defeitos vários que surgiam no veículo”. Poucos eram os carros de praça que empreendiam viagens a São Paulo ou outros municípios, em razão das estradas serem de terra, como pelo receio do automóvel sofrer algum tipo de estrago ou dano e, “também de assaltos”. Lembra-se que para São Paulo – ida e volta – Hermano de Campos, futebolista da veterana Associação Atlética e depois piloto da aviação civil – realizava duas vezes por semana viagens à capital paulista, partindo em frente do antigo Bar Rodovia, de Calil Yared, no Largo dos Amores.
Com a instalação de indústrias automobilísticas no Brasil, a partir de 1950, os carros de passeio foram se popularizando e “praticamente, atualmente, a maior parte da população brasileira possuem veículos dos mais diversos tipos. Hoje em Itapetininga, os denominados táxis e moto-táxis dominam as ruas locais, além de milhares de carros particulares que vem se fundir ao movimentado e intenso trânsito do município.
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