Orestes Carossi Filho – O conservadorismo de Itapetininga ajuda a afastar empreendimentos novos, em particular, uma universidade pública. A opinião é do empresário Márcio Duarte de Melo que também apóia a campanha iniciada pelo jornal Correio de Itapetininga para a vinda de uma universidade pública estadual ou federal. Ele lembra que cidades menores possuem um campus da Unesp. Desde 11 de julho, na edição 175, o Correio iniciou a campanha pró-instalação de uma universidade pública.
Ele aponta que a elite conservadora paga um preço alto por não lutar pela vinda de uma universidade pública. Os filhos deixam à cidade e se deslocam para outros municípios para realizar os estudos universitários. Após a formação, as oportunidades de emprego em Itapetininga são raras, outras vezes, inexistentes. Diante do impasse, muitos estudantes preferem ficar na cidade onde se formaram. Este cenário reforça ainda mais uma sociedade conservadora e uma população pouca instruída, segundo o empresário.
Para Melo, a instalação de cursos universitários públicos favorece o descobrimento de novos potenciais da cidade. “Todo o país considerado desenvolvido fez investimentos em educação.” Para o empresário, a alocação de recursos na qualificação é o primeiro passo para vencer os obstáculos que colocam a cidade entre os piores índices de desenvolvimento social. “Sem educação, nada funciona”, acrescenta.
Ele relata que fornece material para diversas empresas na cidade que reclamam da ausência de mão-de-obra qualificada. Para que a produção não seja afetada, a solução é contratar profissionais de outros municípios. “A instalação de uma universidade pública não é um favor, mas uma dívida que os governos federal e estadual têm com Itapetininga.”
Motivos para credenciar Itapetininga para instalação de uma universidade de qualidade gratuita são reais: tem população acima de cem mil habitantes; situa-se no eixo entre a cidade de São Paulo e Curitiba, é sede administrativa estadual; tem forte presença na agropecuária, com o primeiro Produto Interno Bruto (PIB) do setor primário no cenário paulista; tem a quarta área territorial de São Paulo; no passado formava metade dos professores da rede pública estadual. Seu passado, sua posição geográfica e seu tamanho já a credenciam.
Na pele
Aluna do 1º ensino médio, antigo colegial, Ângela Beatriz de Souza, é favorável à campanha para a vinda de um campus universitário público. Em sua opinião, isso auxiliaria a permanência de jovens em Itapetininga. Ela pensa em fazer a faculdade de Administração na USP e seguir os caminhos da irmãs Laila, que estuda Odontologia, e Thais, que faz cursinho para ingressar em Direito, também na USP.
Ela comenta que dificilmente suas irmãs retornam para Itapetininga. Em sua opinião, se a sua irmã começar a trabalhar em São Paulo, dificilmente retornará para Itapetininga. “Não voltam.” As oportunidades geradas na cidade são poucas e elas tendem a permanecer por lá. Ângela diz que é a vinda de um campus é urgente. “Itapetininga tem condições de fazer este pedido.”
A estudante do 1º colegial, Joyce Medeiros, quer estudar Medicina ou Veterinária. O pensamento de deixar a cidade não agradou sua mãe. Além da distância, também pesa o custo de manter a filha em outra cidade. A falta de opções, segundo Joyce, prejudica o futuro dos jovens. Seu irmão mais velho também foi orientado a estudar em Itapetininga. Os custos de alimentação, aluguel, transporte, lazer e roupa tornam a transferência inviável para outras cidades. “É muito caro.”
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