Giovani Hamada – Ele é colecionador de música brasileira, vegetariano e gosta de fazer ecoturismo. Freqüentador assíduo do Alto Vale do Ribeira, não nega sua atração pelo lugar e por desvendar as culturas tradicionais da região. O advogado Luis Flávio Hungria, filho do ex-prefeito João Flávio Hungria, aliou tudo isso a sua paixão pela sétima arte e adquiriu o hobby de fazer cinema. Especificamente documentários que retratam a vida, cultura e arte do Alto Vale do Ribeira.
No momento, Luís Flávio está finalizando seu terceiro documentário, dos quais, dois foram premiados pela Secretaria de Cultura do Estado e receberam verba através do ProAC (Programa de Ação Cultural) para serem produzidos. Seu primeiro trabalho retratou as “Danças Caipiras do Sudoeste Paulista”. O segundo, intitulado “As Mestras”, mostra através do vídeo a cerâmica do Alto Vale do Rio Ribeira.
Agora, ele trabalha em seu terceiro documentário, “Um Lugar Chamado Bombas”, no qual mostra em vídeo a vida da comunidade rural conhecida como “Bombas”, localizada no Alto do Ribeira, onde vivem cerca de 60 pessoas remanescentes de quilombolas. “As imagens já foram captadas e agora estamos na fase de edição. Acredito que em mais dois meses o documentário estará finalizado”, comenta.
Comunidade isolada
No vídeo, o documentarista busca retratar os aspectos culturais e ambientais que cercam a comunidade, que está localizada no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR). “Existem 25 comunidades remanescentes de quilombos no Vale do Ribeira. “Bombas” foi escolhida porque é o mais remota. Pois para se chegar lá não há estrada, Eles não têm luz, nem telefone.”
Para chegar nas primeiras casas Luiz Flávio conta que é necessário caminhar pela mata fechada por cerca de uma hora e meia. Para chegar até as ultimas casas, a caminhada leva quatro horas. “Como a comunidade fica no meio da mata, o ambiente é muito úmido e são trilhas que nunca secam, ficam sempre cheias de lama. Para realizar o transporte, eles utilizam burros e mulas.”
“Por essa razão, essa barreira ambiental faz com que a comunidade de Bombas tenha uma cultura mais preservada. Mas, diferente do que foi o Quilombo dos Palmares, em Bombas a cultura é predominantemente miscigenada e não só de negros.”
Há cerca de 20 anos, os moradores da comunidade só vinham á cidade para comprar querosene e sal. Hoje, quase todos os dias alguém sai de lá rumo a cidade.
Entre as demonstrações culturais mostradas nas gravações está a festa de Santo Antonio, onde mostra a “Mesada dos Anjos”, típica da cultura afro, onde as crianças se servem primeiro que os adultos.
O projeto prevê a gravação de mil cópias do DVD, sendo que 200 ficarão com a Secretaria de Cultura do Estado, e os exemplares poderão ser distribuídos para escolas, biblitecas, museus e cinematecas, para o fomento para o fomento da cultura quilombola do Alto Vale do Ribeira.
Para Luis Flávio, é importante “lembrar que hoje o ser humano está descobrindo Marte, mas que no estado mais rico de nosso país ainda há pessoas que quando morrem são levadas em redes pela floresta afora para serem enterradas a 10 km de sua casa. Isto é ‘Um lugar Chamado Bombas’”.
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