Os aeradores da estação de tratamento de esgoto da Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – estão desativados há pelo menos três meses, alertam os moradores do bairro Curuçá, que residem próximo da confluência dos rios Ponte Alta e Itapetininga. Eles reclamam do mau cheiro provocado pelo esgoto tratado despejado no local e de mudanças observadas na qualidade da água, que, segundo os moradores ribeirinhos, podem estar relacionados ao não funcionamento dos equipamentos, que fazem a oxigenação do material para atuação das bactérias no tratamento dos dejetos.
Morador do bairro Curuçá, às margens do rio Itapetininga, Luiz Carlos Pinto diz ter percebido as alterações dois ou três meses atrás. “Ainda mais quando o sol está quente, vem um cheiro forte do rio que tem uma água verde agora. Antes não tinha esse problema, que tem piorado com o rio mais baixo”, contou. O morador local, José Claro de Matos, também disse ter estranhado a coloração verde das águas. “É preciso tomar alguma providência. Os aeradores estão parados, devem estar soltando o esgoto direto no rio”, considera. “No rio Ponte Alta, onde a água é despejada, sai verde, não tem mais aquela cor natural”, afirma outro morador que não quis se identificar.
De acordo com a Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, há uma possibilidade do esgoto não estar recebendo o tratamento correto, já que esses equipamentos integram o projeto de funcionamento da estação. Projetada de forma compacta, o tratamento prevê a utilização de aeradores, diante da quantidade de esgoto recebida diariamente, ou então deveria ser três vezes maior, explica a companhia. Entretanto, essa ação pode ser suprimida em razão da diminuição da vazão do esgoto, que ocorre geralmente durante o inverno. “Para isso, a Sabesp deve analisar se as lagoas de tratamento podem depurar o esgoto sem a necessidade de oxigenação mecânica”, diz o técnico Guilherme Xavier. A Cetesb pretende inspecionar a estação de tratamento para verificar se os equipamentos estão em funcionamento. Sendo constatado algum problema, será feita uma análise da água para saber se o tratamento está sendo eficiente.
Ainda segundo a Cetesb, o rio Ponte Alta é considerado classe 4, podendo receber uma quantidade maior de esgoto, já que, pela definição do Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente, em sua resolução 357/05, as águas são destinadas apenas à navegação e paisagismo. Entretanto, ele deságua no rio Itapetininga, classe 2, cujas águas podem ser destinadas ao abastecimento, após tratamento convencional, a atividades recreativas de contato primário, como natação, mergulho e esqui-aquático, à irrigação de cultivos, pesca, à proteção da vida aquática, entre outros. Preocupados, os moradores dizem que o rio Itapetininga também está sendo poluído. O Conama classifica os rios nas classes especial, 1, 2, 3 e 4.
Em contato com o promotor do Meio Ambiente, Dalmir Radicchi, ele informou que não tem conhecimento dessa denúncia dos moradores. A promotoria explica que é necessário que a reclamação seja formalizada, com o local exato, para ser instaurado um procedimento. No entanto, a promotoria do Meio Ambiente informa que há um procedimento instaurado referente à estação de tratamento no rio Ponte Alta. Porém, não foi possível obter mais detalhes.
Sabesp responde
De acordo com a Sabesp de Itapetininga, o sistema de tratamento de esgotos é composto por duas lagoas aeradas, onde estão instalados 24 aeradores, e em três lagoas de sedimentação que tratam cerca de 21 milhões de litros de esgotos por dia (vazão média de 240 litros por segundo), sendo que os esgotos que chegam na estação de tratamento permanecem cerca de seis dias sendo processados antes de serem lançados no Ribeirão Ponte Alta. A Sabesp justifica que o não funcionamento dos aeradores se deve ao fato de todo cabeamento elétrico, que alimenta os equipamentos elétricos instalados nas lagoas, ter sido roubado. A companhia admite que o processo de aeração dos esgotos está comprometido, porém o processo de tratamento continua eficiente quanto à demanda bioquímica de oxigênio, causando, no entanto, o incômodo do mau cheiro.
A Sabesp pretende reparar a situação e já providenciou a aquisição dos materiais e a contratação dos serviços necessários, a fim de restaurar o funcionamento dos aeradores. No entanto, não informou quando os equipamentos voltarão a funcionar.(BP)
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