Alberto Isaac – “Falta apenas sepultar o futebol de Itapetininga. Ele já morreu há muito tempo, e nada o fará ressuscitar de um passado que não volta mais”. É quase nesses termos que assim se expressam contritos, os adeptos do futebol itapetiningano, que há dezenas de anos não vêem os times da cidade brilhando em competições, não só oficiais com em memoráveis partidas amistosas.
Foram os tempos, “saudosos”, como diria o veterano Dirceu Guarnieri, um torcedor e ex-jogador de futebol, em que o município contava com três fortes agremiações e que desapareceram num relampejar da vida: a Associação Atlética, o Clube Atlético Sorocabana e o Departamento de Estradas de Rodagem Atlético Clube (DERAC), entidades que se tornaram referências das mais elogiosas para Itapetininga, e citadas em várias localidades do Brasil. Disputando ininterruptamente por aproximadamente quatro décadas os certames oficiais pela FPF, como amadores ou profissionais, constituíam-se em grande atrativo para a população em geral, e provocando, inclusive, paixão desenfreada a milhares de pessoas. Basta lembrar os inesquecíveis encontros futebolísticos entre as próprias equipes locais e que “provocaram turbulências e emoções em toda cidade”.
A Associação – Alvinegra – com 80 anos completos vive dificuldades financeiras, sustentada apenas por equipes “masters” e algumas partidas disputadas com a “garotada” que pretende se formar no clube. Por outro lado, o Clube Atlético Sorocabano (CASI), atingindo seu 66º aniversário de funcionamento e que viveu momentos de intensas glórias, sobrevive em razão de alguns abnegados sócios e cobrança, às vezes, de aluguel do seu estádio, localizado na Rua Padre Albuquerque, para eventos diversos. No ano de 1997, por razões até hoje ignoradas pretendeu-se transformar o DERAC em outro clube – o Itapetininga Futebol Clube, que sem nenhuma identificação com a cidade veio a se findar melancolicamente.
Atualmente, enquanto o S. Bento, Atlético Sorocaba, Ituano e Jundiaí – inclusive Capão Bonito – se projetam, ainda que palidamente, no cenário esportivo, os itapetininganos vão se desinteressando pelo futebol da terra e “ouvindo comentários sobre disputas entre grupos veteranos e algumas porfias da várzea”, mas sem atração alguma.
Quando integrava a diretoria da Associação Atlética, o professor Luiz de Abreu empenhou-se em conseguir uma parceria com a Ponte Preta, de Campinas, “para uma tentativa de retornar ao futebol e fazer com que a comunidade vibrasse novamente por este esporte popular e tivesse um representante digno de Itapetininga”. Enquanto este intervalo no futebol local vai se prolongando cada vez mais, esportistas da cidade e circunvizinhas se organizam em caravanas se dirigindo a Sorocaba, Itu ou São Paulo com o propósito de assistir as partidas disputadas por clubes daquelas localidades.
Dos campos da várzea
O quase desaparecimento das três equipes principais de Itapetininga, CASI, DERAC e Associação, teve também como uma das causas fundamentais a desativação dos clubes varzeanos extintos gradativamente. Isto em razão dos campos localizados na periferia da cidade e que foram ocupados por conjuntos residenciais ou diferentes construções, diante da movimentação imobiliária.
As considerações são de Valdemar de Oliveira, o Canarinho, esportista que atuou como goleiro em várias agremiações locais e jogando nos diversos campos da várzea. Ele lembra muito bem dos grandes times como o Benfica e Alagoinha, na Lagoa Seca, campos cujas áreas são ocupadas hoje pelo Quartel da PM, o da Vila Baltazar, onde se digladiam Comercial e Botafogo, inimigos figadais. Recorda Canarinho da Vila Arruda, onde o campo transformou-se em via pública com a denominação de Pedro Nunes de Melo, o famoso e legendário “Sargento”, treinador de meninos que se projetaram no futebol de vários times da região. Na Vila Rio Branco, o Paquetá, despontava o campo utilizado pelo América F.C., enquanto São Paulino e Olaria “tinham a posse do mando dos jogos” no campo onde hoje se ergue o Itapetininga Shopping. E próximo ao DERAC, na Vila Santa Isabel, existia o campo do Nacional e outros como o da Escola Prática de Agricultura e o “campinho” frente ao estádio da Veterana também deixou de existir, assim como o da Aparecida. Com a desativação desses espaços, verdadeiras arenas, Itapetininga deixou de oferecer jogadores que poderiam representar reforços para as equipes tradicionais da cidade e outros clubes do interior.
Lamentavelmente, lembra Canarinho e esportistas locais, “Casi, Derac e Associação não tiveram condições suficientes para manter equipes competitivas e sequer contaram com investimentos dos poderes públicos”.
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