-Benedito Madaleno Mendes – Na cidade de Rio Claro alguém envia uma carta-bomba a uma juíza. Ainda não se sabe quem e, muito menos, o motivo. A desgraceira está em fase de perícia. Portanto, o delito continua envolto em mistério. Seja como for, só pode ser arte de algum aborígine com neurônios avariados! Isso não se faz! A uma meritíssima a gente pode enviar muita coisa: petição inicial, mandado de segurança, pedido de reconsideração, habeas Corpus… Bomba? Só se for de chocolate! Juíza também é filha de Deus e merece ser tratada como tal.
O evento por si só causa espanto. Porém, a fala do doutor Cezar Peluso, Presidente do Supremo Tribunal Federal, ao manifestar-se sobre o caso, também é algo espantoso! Disse ele bem assim: “O Estado e a sociedade não podem tolerar que seja o Judiciário, pela terceira vez, covardemente golpeado por terroristas que, aproveitando-se de artificioso e injusto clima de hostilidade à instituição como um todo, pretendem transtornar e impedir o trabalho de juízes…”! É ou não é um discurso delirante?
Ao ler o texto na Internet fiquei pasmo! Salta à vista que o ilustre ministro tem forte vocação para a literatura de ficção científica e alcandorado amor pela hipérbole. A toga esconde um fabuloso escritor, quiçá um prêmio Nobel! Que terroristas? Da Al Qaeda, do Taleban, das Farc? Ao mesmo tempo em que demonstra vibrante imaginação, o magistrado levanta sérias indagações: será que sua excelência conhece os reais motivos do remetente da missiva-bomba? Como sabe, o distinto, que o nóia homicida está se aproveitando de um “clima”? E, finalmente, será o valente Peluso, além de jurisconsulto, um privilegiado telepata?
A fala desse ministro passa desagradável impressão… Parece que ele está se aproveitando de um fato trágico para colocar o Judiciário inteiro como vítima de uma trama diabólica e esse Poder de Estado fosse uma deslumbrante Vestal em vias de ser canonizada! Pegou mal, minha gente! De uma pessoa que ocupa tão nobre cargo, espera-se palavra mais sábia e ponderada! Puxar a sardinha pro seu lado qualquer um sabe fazer!
Peluso comporta-se talqualzinho aquela esposa que leva um beliscão do marido, mas conta pro delegado que apanhou de cinta, vara de marmelo e ainda foi queimada com ponta de cigarro… Esse doutor prima pelo exagero! Ele foi tão enfático na defesa da sua “teoria da conspiração” que alguém poderá imaginar o outro lado da moeda: “e se essa bomba pé de chinelo foi enviada à juíza justamente para o Judiciário se fazer de vítima?”
O Brasil precisa tomar muito cuidado: nem sempre a magistratura baliza-se pela verdade. No caso do Peluso, a fantasia está na cara! Ou melhor, a máscara…
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