Benedito Madaleno Mendes – Um raro exemplar da espécie canina: de tão orelhuda, lembra uma jerboa; quando se equilibra sobre as duas patinhas, parece um suricato, em pleno Kalahari; se fica braba, vira um mangusto… Arteira, não pode ver um cestinho de lixo: vira tudo! Depois se esconde pelos cantos, olhando de soslaio, com receio de castigo: sabe que tem culpa no cartório! Apesar de traquina, caiu nas boas graças da família inteira… Até a coruja invisível gosta dela! Hemengarda, então, nossa! É a primeira almazinha que ela cumprimenta, quando chega da escola! Uma festa: a cachorrinha só falta falar!
De batismo, ficou Lady, mas de madame, a bichinha nada tem! É vira-lata assumida, morde perna de cadeira, faz xixi onde não deve, se escarrapacha no sofá, incomoda os convivas na hora do almoço. Mas, justiça seja feita: a danadinha é valente! Eriça os pelos e ladra chamando para a briga qualquer cachorrão que se aproxima da casa! Se a mascote do vizinho discursa, lá do outro lado da rua, ela responde do lado de cá! Desafia desde os carros que passam na Quintino até os aviões que invadem o espaço aéreo da cidade.
Além de corajuda, é brincalhona. Se não está dormindo, está brincando… Tudo faz para travar amizade com a gata da família, a “Menina”. Rodeia-a saltitando, empurra-lhe sua bolinha de plástico, fica parada à sua frente chamando-a com latidos, mas, de nada vale sua diplomacia: gato é gato, né! Vez em quando, “Menina” se irrita e dá um tapa no ar… É o que basta: Lady vira um corisco e se entrincheira atrás da porta.
Se há uma coisa que a cachorrinha não suporta é invasão de território. Noite dessas, enquanto degustava sua ração, pôs-se a rosnar ferozmente. Quem seria o inimigo que a ameaçava em plena hora da bóia? Saí até a rua, olhei, olhei e, nada! Nenhum sinal de algum monstro invasor. Então me aproximei da “rosnante” e descobri quem era o forasteiro que ousava perturbar o seu sossego: uma formiga querendo partilhar sua janta! Para evitar um bruto aranca-rabo e temendo os efeitos colaterais de uma batalha entre espécies, ajudei o inseto subir num papel sulfite e soltei-o no jardim. Adiei o Armagedon, pensei comigo!
Porém, nem sempre é possível impedir as diabruras da fulana. Pois não é que a valente foi chamar pra briga o nosso sapo-jardineiro? Se deu mal! A ONU proíbe o uso de armas químicas em combate, mas o batráquio não assinou o tratado… Não que o bufonídeo seja bicho brabo, ao contrário, é gentil, mas naquela noite, o coaxante devia estar estressado e reagiu de pronto! Coitadinha da Lady! Não deu nem pro cheiro, entrou em casa cambaleando, focinho caído, rabo entre as pernas, olhos suplicantes que dava dó!
Xixi de sapo é alucinógeno, arma química poderosa mesmo! E a nossa Lady teve uma noite de “viagem” que nunca mais esquecerá!
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