Hélio Pinto – Em meio àquele denso burburinho os acordes do conjunto, ampliados pelas potentes caixas acústicas, formam e determinam o ambiente alegre e emocionante do local, repleto, às vezes até quase congestionado, de tanta gente a se movimentar p´ra cá e p´ra lá; muitos cumprimentos, abraços, encontros de amigos, “papos” animados; também casais concentrados em seus diálogos, grupos de amigos e casais sentados às longas mesas, “free- -lancers” diversos, femininos e masculinos, todos envoltos em imensa e notória euforia social, o prazer de conviver intensamente com seus pares, seus amigos, novos ou de longa data.
Entretanto, quem encorpa a festa, quem motiva os corações, quem engrandece os sentimentos, quem afinal faz vibrar os nervos e emoções, quem serve para cimentar os laços sociais e festivos a juntar todo aquele agrupamento animado de pessoas à busca de momentos felizes e agradáveis? Obviamente, são eles, os nossos artistas, os nossos músicos, os nossos cantores, profissionais ou amadores. São muitos, – desde os que se apresentam em solo, com violão e canto, aos de performance em conjuntos vários, alguns ecléticos, diversificados em estilos mistos, outros temáticos, com ênfase neste ou aquele ritmo ou modelo musical.
Mas qual seria o conjunto a movimentar a noite, conforme mencionado no início deste texto? Vários poderiam ser: por exemplo o famoso “Chorões de Itapê”, um dos que concentram artistas de primeira grandeza, assim como vários outros grupos atuantes na cidade. O ritmo bate direto no coração dos apaixonados pelos “chorinhos”, bem apresentados pela forte e competente equipe. E lá está o violão do João Alcindo (conhecido advogado – além de ótimo violonista, também cantor ) . Mas, como não citar colossos da arte como um Domingos Segatto, apaixonado pela musica?, ou um Enivan Mastrandéa no “timba” e percussão? E um “Chico Correia” – notório virtuose do violão?
Há mais conjuntos, alguns ecléticos, diversificados, outros especializados nesta ou aquela tendência: alguns são roqueiros, outros ligados ao jazz e vários chegados a um pagode legal…Há até os folclóricos , sem esquecer dos auto-intitulados “country”, a reproduzir os caipiras daqueles filmes de faroeste e até duplas de chorosos conjuntos sertanejos tradicionais. Arte para todos as preferências…
O curioso é que alguns músicos participam de mais de um conjunto, tamanha a sua versatilidade. Um deles é o Segatto (Domingos) – bandolim e violão -, que aparece com seu filho e discípulo José Victor em foto que ilustra o texto, quando, ainda menino com cerca de dez anos, já se fazia notar por suas habilidades no vibrar das cordas ; João Victor hoje, com seus vinte e dois anos, só fez crescer em sua arte musical. Segatto atua tanto no “chorões” como no conjunto de pagode e o que mais vier…diz, em tom jocoso.
Quando se fala em artes e artistas, há que lembrar dos brilhantes solistas a dedilhar as cordas de seus violões e a vibrar suas cordas vocais com harmonia e encanto, como bem o faz Larissa – Larissa Targa Alves -, ao manejar com maestria seu instrumento e afagar nossos ouvidos e sentimentos com sua voz aveludada e agradável, centrada mais na MPB. Não menos faz o dentista Arlindo, também chegado a uma MPB, com seu violão elétrico. Também o “Índio” e sua esposa, com guitarra e canto, o próprio João Alcindo, eventualmente, e o Vadô, entre muitos mais.
Qualquer cidadão da região que andou ou anda pela noite, participou e assistiu algum dos festivais de música realizados nas nossas plagas já ouviu o apurado saxofone do músico Gerson Ramos, que ainda esmera pela qualidade com que toca sua flauta transversal. E o Breno Ruiz, um jovem de 22 anos que prepara um Cd com ninguém menos que Paulo Cezar Pinheiro, o grande letrista da MPB.
Impossível pensar em músicos e artistas da nossa noite sem falar do sempre presente Roberto Ordônio – o famoso “Kabo”, com seu incrível cavaquinho ! Ele também atua em diferentes grupos, porém sempre fiel ao chorinho, sua especialidade. E conta invariavelmente com o apoio daquela que já é uma espécie de musa e madrinha do conjunto: sua esposa e constante companheira Suzi (Suzana A. Ordônio), sempre a apoiá-lo com sua marcante simpatia e amor à arte e ao seu companheiro. E havia também o Bolão (Correia) e seu pandeiro. Homenagem seja feita ao saudoso Oswaldo, músico, jornalista e “socialite”, infelizmente prematuramente desaparecido.
Segundo diversos músicos consultados, dentre os inúmeros conjuntos mais perenes ( há uma certa rotatividade) destacam-se cerca de meia dúzia deles, todos atuantes em diversos ambientes e horários – alguns em locais de ampla freqüência , estilo familiar, com crianças e tudo, outros em restaurantes, pizzarias e bares noturnos, além de eventos dançantes dos mais diversos enfoques. O Fábio, com seu belo saxofone, por exemplo, atua tanto em conjuntos e shows diversos, como nas apresentações da banda, ali mesmo na “Praça dos Amores”, certos dias à tarde. E os solistas também não são poucos. E há os bateristas, como meu amigo Amândio, com anos de estudo no conservatório de Tatuí, e muitos mais formados aqui mesmo, ou nas cidades vizinhas, e até um carioca – o conhecido e competente cantor e mestre do cavaquinho”Vaguinho”, (Vagner) identicamente multi-direcionado – do pagode ao chorinho, das cordas ao canto. Mas não só: a dupla “Sandro e Marinho”, no estilo sertanejo, o Galo e o Nilton Cezar, ecléticos, o Leonardo, voz e violão, o conjunto Mistura Fina – baixo, teclado, percussão e voz…e vários ainda, atuantes ou em formação.
Os “chorões de Itapê”, às vezes, transformado em conjunto pagodeiro, não pára: um dia nos salões do shopping, outro nos clubes noturnos,… se “pintar”, em quaisquer outros locais, quando solicitados. Assim procedem praticamente todos os músicos. Registre-se o pouco interesse econômico – o retorno financeiro não é dos melhores, dizem -, portanto a principal motivação é mesmo o fervor artístico, o amor à arte destes, amiúde mal compreendidos, animadores dos eventos festivos de diferentes matizes.
É…são eles que fazem a nossa festa! Por isso mesmo, prestigiar nossos artistas, nossos cantores e músicos, é de fundamental importância para o nosso bem estar, para nos proporcionar o prazer social hedonista e lúdico e para prestigiar a nossa cultura popular, o que, também, é questão de vontade.E só!
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