-Orestes Carossi Filho – A área rural de Itapetininga vive o apagão digital. Longe de torres de transmissão de sinal, apenas 100 propriedades contavam com internet, conforme Levantamento da Unidade de Produção Agropecuário (Lupa) de 2008. Isso representa 3,5% das propriedades rurais de Itapetininga que somam 2.823 propriedades. Um detalhe, o estudo apontou que apenas 122 unidades tinham computador.
O técnico de informática Iran Jara é um dos poucos que conta com o serviço no Mato Seco, bairro distante 10 km do Centro. De 70 propriedades rurais espalhadas pelo bairro, Jara aponta que menos de 10% têm à disposição o mundo digital. Ele explica que a topografia da região pode funcionar como um obstáculo ao acesso do sinal. Quanto mais baixo o relevo, maior é a dificuldade de obter o sinal.
“Quem está escondido, na parte de baixo, fica prejudicado para receber a conexão.” A vantagem é que a internet permite pagar conta, acessar saldo bancário das contas, conversar com amigos, receber e mandar e-mail e se atualizar. “Melhora a vida”, resume Iran que reside há cinco anos no local.
É possível, devido à distância, fazer uma pós-graduação ou se graduar pela internet. Mas a zona rural vive longe destes serviços, vivem excluídos. O resultado é que para pagar uma conta de água é obrigado a se deslocar até o Centro para quitar uma dívida que poderia ser paga em sua própria residência, sem gasto com gasolina e perda de tempo no deslocamento.
O agricultor José Luís Lerma, que trabalha na área rural no bairro de Sabiaúna, distante 12 quilômetros do Centro, convive com o problema há dois anos. Com um computador em casa, o acesso à internet deixa de ser remoto, para se tornar impraticável. Com cinco pessoas na residência, quatro adultos e uma criança, o contato ao e-mail e informações online só é resolvido quando ele chega a uma lan house na cidade.
“Isso atrapalha, toda a semana tenho que ir ao Centro. Às vezes, tenho que ir duas vezes por semana. Faz falta no dia a dia. No meu caso particular, poderia fazer orçamento e cotar preços”, afirma Lerma. Em sua avaliação, os governos federal, estadual e municipal deveriam disponibilizar o sinal para uma área rural e solucionar um setor da economia que vive excluído e diante de um apagão digital.
Lerma aponta que precisa trocar a tela da granja e poderia fazer a consulta pela internet. “Verificar se os preços são compatíveis” exemplifica. O gasto para ir e voltar do centro da cidade é de R$ 6. “Por isso acumula para fazer tudo ao mesmo tempo.” Apesar de possuir telefone e antena parabólica na propriedade, ainda não tem acesso à web. “Poderia vir o sinal de uma forma mais moderna”, conta ao apontar para antena parabólica colocada ao lado da casa que permite que a família assistam televisão, mesmo no campo.
Energia elétrica avança
Se a internet é um problema que ainda precisa ser revolvida, o acesso à energia elétrica melhorou. Em 1995, no primeiro Lupa, 1.344 propriedades tinham energia elétrica na residência. Isso representava cerca de 63,58% das propriedades de Itapetininga. Na atividade rural, eram 982 unidades, que eram 45,45% da totalidade.
Em 2008, as residências com energia elétrica subiram par 2.095 ou 74,2% das fazendas e sítios da zona rural de Itapetininga. Atualmente, Itapetininga conta com 2.823 propriedades rurais. Deste total, 1.330 residem na localidade. Cerca de 990 possuem trabalhadores permanentes.