A prolongada falta de chuvas em Itapetininga está causando sérios impactos nas plantações da região, um dos principais polos agrícolas do Estado. A escassez de água tem prejudicado diversas culturas, desde hortaliças até o milho e a soja. Os produtores enfrentam dificuldades pois estão aguardando as chuvas para iniciar o plantio. Enquanto isso, o solo ressecado e o clima seco agravam a situação. Especialistas alertam que, se as chuvas não voltarem com maior frequência, a região poderá sofrer uma quebra de safra significativa.
De acordo com o agrometeorologista e vice-coordenador do curso de Engenharia Agrônoma da Universidade Federal de São Carlos, Daniel Nassif, “a falta de chuvas tem um impacto direto em todas as culturas, gerando estresse hídrico nas plantas. Elas reduzem a fotossíntese, crescem menos e, consequentemente, produzem menos”.
Essa realidade está sendo sentida principalmente nas plantações de hortaliças, que são mais sensíveis ao clima seco devido às suas raízes mais curtas. “Essas plantas não aguentam longos períodos sem água, e qualquer estiagem afeta diretamente a produção”, completa Nassif.
Além do impacto nas culturas, a seca prolongada também afeta a qualidade do solo, que perde água e prejudica a atividade microbiana natural, essencial para o desenvolvimento das plantas. “Com o solo seco, as culturas param de crescer, e se a seca continuar, pode resultar em perdas permanentes nas plantações, causando a chamada quebra de safra”, explica. Essa situação não só reduz a oferta de produtos no mercado, como também pressiona os preços, afetando toda a cadeia de consumo.
No entanto, algumas culturas se mostram mais resistentes à seca. Daniel ressalta que “plantas de raízes profundas, como milho, soja e cana-de-açúcar, conseguem suportar melhor a escassez de água, enquanto as hortaliças são as mais vulneráveis”. Ele também destaca que a escolha de variedades adaptadas ao clima seco é uma prática comum entre os produtores, que recorrem a informações fornecidas pelo Zoneamento de Risco Climático, desenvolvido pela Embrapa, para identificar as melhores opções de plantio em tempos de estiagem.
Apesar da crise hídrica, a previsão do tempo continua sendo uma aliada dos agricultores na tomada de decisões. “A previsão ajuda a planejar o plantio e a colheita, permitindo que os produtores minimizem os riscos de perdas”. Para os próximos meses, as previsões indicam um alívio, com o retorno gradual das chuvas em outubro e novembro. No entanto, o período mais crítico ocorre entre julho e setembro, quando a seca e as ondas de calor são mais intensas.
Para mitigar os efeitos da estiagem, os agricultores têm recorrido à tecnologia. “Os sistemas de irrigação são fundamentais para manter a produtividade, especialmente no período seco”, afirma o agrometeorologista. Hoje, propriedades podem utilizar irrigação automatizada, controlada por dados climáticos e até inteligência artificial, garantindo maior precisão.
Mesmo com opções avançadas, muitos dos produtores ainda acabam dependendo da própria chuva, pois o investimento para tais equipamentos podem elevar os custos na produção. Além disso, essa irregularidade pode gerar prejuízos na colheita, comprometendo o volume de produtos disponíveis para o mercado e pressionando os preços agrícolas.
Em 2024, o volume de chuvas em Itapetininga, até o mês de setembro, acumula 561,3 mm, apresentando uma leve queda em relação ao mesmo período de 2023, que totalizou 720,8 mm. O mês de junho foi marcado como o período de menor precipitação, de acordo com dados fornecidos pelo observador Wilmo Pires de Oliveira, da Secretaria de Agricultura. Com apenas 0.6 milímetros de precipitação registrados, este foi o junho mais seco dos últimos treze anos na cidade.
Aviso Inmet
Na quarta-feira, dia 09 de outubro, o Instituto Nacional de Meteorologia publicou um aviso de tempestade em Itapetininga, entre os dias 09 e 10 de outubro. A mudança no tempo se deu pela formação de um sistema de baixa pressão, que eleva o risco de rajadas de vento e tempestades. “A massa de ar frio vai derrubar as temperaturas no final da semana”, informa.
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