Nos últimos dias, a cidade de São Paulo registrou, por dias consecutivos, piora na qualidade do ar. O ocorrido afetou não somente a grande metrópole, mas cidades ao redor que nas últimas semanas noticiaram aumento no número de focos de queimadas, além da falta de chuva e tempo seco.
A qualidade do ar que respiramos pode ter consequências significativas para nossa saúde, especialmente em tempos de mudanças climáticas e poluição crescente. Com o aumento da poluição em grandes centros urbanos e a seca prolongada, a população tem enfrentado mais dificuldades respiratórias, o que evidencia a necessidade de cuidados redobrados.
De acordo com o otorrinolaringologista, José Otavio Aires, a poluição de grandes cidades, como São Paulo, pode afetar áreas a centenas de quilômetros de distância. “Itapetininga, por exemplo, mesmo estando longe da capital, é impactada pela poluição, o que afeta principalmente a saúde respiratória da população”.
Segundo o especialista, manter um ambiente com ar limpo e adequado em termos de temperatura e umidade é crucial para preservar o bom funcionamento do sistema respiratório.
A defesa do sistema respiratório depende de mecanismos como o sistema mucociliar, que se baseia na produção de muco e no batimento dos cílios nas vias respiratórias. “Esse sistema funciona muito bem quando a temperatura está entre 18 e 37 graus. Acima disso, ou abaixo, o batimento ciliar fica prejudicado, afetando a proteção do nosso sistema respiratório”, explica. A umidade do ar também desempenha um papel essencial. Para um bom funcionamento do sistema mucociliar, é necessário que a umidade do ar esteja em torno de 60%. “Em períodos de seca, com a umidade abaixo desse nível, há uma deterioração no funcionamento desse sistema, deixando o corpo mais vulnerável”, explica.
Além dos impactos respiratórios, o ar seco também pode prejudicar a saúde cardiovascular. “O ar muito seco rouba umidade do corpo, o que pode levar a desidratação e favorecer problemas como trombose venosa profunda, infarto do miocárdio e até acidentes vasculares”, comenta o profissional.
Para minimizar os danos à saúde causados pela má qualidade do ar, o especialista recomenda evitar atividades físicas em horários de maior secura do ar, entre 10h e 16h, além de manter uma hidratação adequada, com o consumo de 2 a 3 litros de água por dia. “Frutas, verduras e legumes, que são ricos em água, também podem ajudar na hidratação”, aconselha.
Outras medidas para melhorar a umidade do ambiente, como o uso de umidificadores ou mesmo toalhas molhadas, são indicadas, desde que com cuidado para evitar o crescimento de fungos, especialmente em indivíduos alérgicos. Para aliviar os sintomas causados pelo ar seco, Aires recomenda o uso de colírios lubrificantes, lavagem nasal com soro fisiológico e a aplicação de protetores labiais para prevenir o ressecamento.
Recomendações do Estado
Com a piora da qualidade do ar, o governo estadual divulgou novas recomendações à população, como manter portas e janelas fechadas para evitar a entrada de poluição e a utilização das máscaras PFF2 ou N95 em áreas atingidas por queimadas.
A principal orientação é evitar atividades físicas ao ar livre e aumentar o consumo de água e líquidos, como mencionado acima.
Os cuidados devem ser redobrados com crianças menores de 5 anos, idosos, gestantes e pacientes com doenças pré-existentes. Em caso de sintomas problemas respiratórios, atendimento médico deve ser buscado imediatamente.