-Orestes Carossi Filho – O gasto do governo federal para o pagamento de juros da dívida pública alcançou R$ 37,8 bilhões de 1º de janeiro até terça, dia 28. O valor foi registrado pelo Jurômetro, um relógio criado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para revelar o valor que os juros consomem por segundo no país. Segundo o BC, a dívida pública líquida do País é de 37,2% do Produto Interno Bruto (PIB) acumulado em 12 meses.
O placar da Fiesp é similar ao impostômetro criado pela Associação Comercial de São Paulo. Na internet, a Fiesp compara o que o governo poderia fazer com o dinheiro em relação à educação, habitação, renda e transportes. Só neste ano, o valor cobrado de juros seria possível manter 17,3 milhões de crianças na escola ou construir 91,1mil escolas ou ainda erguer 649 mil casas populares.
Quem define os juros é o Banco Central (BC) por meio da taxa Selic. Atualmente, está em 10,5%. Quanto maior a taxa, maior será a remuneração que o governo federal irá pagar para honrar os títulos públicos emitidos pela União. No entanto, conforme a Fiesp, a taxa básica de juros está 3,5 pontos percentuais acima do índice inflacionário oficial. Em países desenvolvidos, a taxa é de 0,4% maior que a inflação.
A intenção da Fiesp é colocar painéis na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo. Em Brasília, num local próximo ao Banco Central, a Fiesp quer instalar um placar eletrônico. A medida visa “sensibilizar” os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) que definem, todos os meses, a taxa Selic.
Aumento de preços
Para o economista de Itapetininga, Vagner Souza, a taxa Selic é um mecanismo para regular a compra do consumidor. “Se a inflação sobe, o BC aumenta a Selic.” Souza explicou que a campanha da Fiesp precisaria ter um compromisso que produtos e serviços da iniciativa privada não sofressem reajustes.
“Tem que ter um controle da economia. Todos os entes envolvidos têm que participar efetivamente. As empresas ligadas à Fiesp têm que se comprometer que não irão aumentar o preço, caso contrário a inflação retorna”, aponta. Souza lembrou que as mensalidades escolares e de planos médicos impactam na inflação todos os anos.
Segundo ainda Souza, o BC trabalha com uma meta para a inflação. Quando esse limite corre o risco de ser ultrapassado, o juro é elevado para tentar inibir o consumo e, com isso, diminuir a pressão de alta sobre os preços. Quando há risco da economia desaquecer, a taxa Selic diminuída para acelerar a economia.