-Benedito Madaleno Mendes – Nunca pensei que, na minha idade, eu pudesse me encantar assim com outra arte que não fosse a da palavra. A vida inteira me dediquei à gramática, às sextilhas, às figuras de linguagem… Achava que era um valente de hábitos cristalizados e meus gostos, cláusulas pétreas! Até a pouco tempo, tinha certeza de que os únicos apetrechos que eu levaria à fronteira deste mundo seriam a caneta, o dicionário e um caderno. Ledo engano: estou perdidamente apaixonado por uma máquina fotográfica! E que coisa linda ela é!
Fotografar tem um quê de mágico. Você dá um clique e pronto: poderá contemplar para sempre aquele olhar que é o prazer maior de sua estadia na Terra. Onde quer que você esteja, sempre haverá uma paisagem, um detalhe, uma convergência de cores, formas e luzes esperando para ser gravado numa tela digital. Descobri que as metáforas não se fazem apenas com palavras, elas estão na nossa alma, prontas para serem dadas ao mundo na imagem de um momento.
Ainda estou em fase de namoro com minha “preciosa” cor de prata… Ela tem muitos mistérios para mim. Preciso conhecer melhor os seus poderes, acostumar meus olhos com seu foco, manter a distância necessária, saber quando ela está no ponto certo e, só então tanger o clic. O tempo nos tornará mais íntimos… Por enquanto, nosso convívio é apenas um ensaio, mas eu sinto que, dia a dia, ela me revela seus segredos… Dá vontade de morrer se uma foto cai na tela embaçada, tremida, de pés cortados… Culpa minha, bem sei! Porém, que alegria quando vejo que a imagem que ela faz é igualzinha a original!
Agora, aonde vou, essa jóia cibernética me acompanha sempre pronta para o flash. Noite dessas, mirei a sua lente em direção à Lua cheia e cliquei… Mas que fotógrafo mocorongo que eu sou! Saiu uma “luazinha” anoréxica que só vendo! Nem mostrei pra Hemengarda. Ela iria rir de mim…
Às vezes, uma foto me surpreende… A imagem de uma igreja em azul, com fundo da mesma cor me deixou tão encantado que eu mandei cópia pra uma amiga na Suiça. Um pôr-do-sol, no seu último segundo sobre o dia, uma criança saltitando, um flamboyant, o espelho de um lago, uma borboleta azul-anil esvoaçando no rubor de uma rosa…
Há tempo venho tentando fotografar minha coruja invisível… Também desejo registrar um flagrante de relâmpago riscando o céu, um arco-íris ao fim do dia, uma estrela cadente, um bem-te-vi dando o toque da alvorada… Porém, leitor amigo, o que eu mais desejo mesmo, é eternizar o voo de Hemengarda, em sua vassoura mágica, numa noite de luar!
Mais de 20 mil pessoas vivem na linha da pobreza
Em Itapetininga, 20.814 pessoas vivem na linha da pobreza, ou seja, aquelas cuja renda per capita mensal familiar não ultrapassa o valor de R$ 706, metade de um salário mínimo,...