Lilian Primi – AE – A utilização de madeira na construção sofreu mudanças nos últimos 15 anos, em função da escassez de espécies utilizadas. “A peroba rosa e a araucária estão em extinção, mas ainda são as indicadas por marceneiros e técnicos”, diz Geraldo José Zenid, pesquisador e diretor do Centro de Tecnologia de Recursos Florestais do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
A demanda provocada pelas prescrições técnicas impacta no mercado, que não tem o produto para vender. Quando é encontrado, o comprador acaba enganado. “Ele compra uma espécie, mas recebe outra”, diz Zenid, ressaltando que não existem no mercado profissionais treinados para reconhecer a diferença. Segundo ele, o IPT faz identificação botânica: “Basta enviar uma amostra do tamanho de um sabonete ao instituto.” O custo é de R$ 70 a R$ 100.
Desde 2003, governo, instituições de pesquisa e operadores do mercado iniciaram a implantação de medidas para melhorar a oferta de madeira legal e informar a população a respeito das possibilidades de substituição das duas espécies. É deste ano o manual “Uso Sustentável de Madeira na Construção”, editado em parceria entre IPT, Ibama e Sinduscon-SP. A publicação traz características técnicas das várias espécies nativas da Amazônia, além de tabelas de substituição.
Além das madeiras nativas, os pesquisadores indicam o eucalipto e o pinus, provenientes de florestas cultivadas. O problema é que a cultura construtiva brasileira considera estes produtos de qualidade inferior. “É folclore. A única limitação é que são mais sensíveis ao ataque de cupins e brocas. Mas isso é resolvido com o uso de preservativos de madeira”, garante o diretor-financeiro da Associação Brasileira de Preservadores de Madeira (ABPM), Flávio Carlos Geraldo. Ele recomenda que o consumidor compre peças já tratadas. “É possível tratar na obra, com produtos registrados para esse fim, aplicados com pincel, mas esse tratamento deve ser repetido a cada cinco anos.”
Para peças não estruturais (esquadrias, portas, janelas e piso, por exemplo), no caso do uso do pinus, é possível melhorar sua aparência com a aplicação de produtos de acabamento protetores. Em geral tintas ou vernizes, mas Geraldo recomenda o stain, um produto penetrante, com filtro solar, aditivação de biocidas (contra fungos superficiais) e hidrorepelência (repele a água). “A madeira é porosa e se não puder respirar acaba formando bolhas e trincas. O stain evita esse problema”. O mercado tem opções semi-transparentes nas cores de madeiras nativas ou com cobertura total.
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