Mariana Riedel – Que atire a primeira pedra aquele que nunca foi vítima de um porteiro impertinente que, extrapolando sua função, coloca mil obstáculos na frente do sujeito que precisa entrar. Lembro-me que, ao visitar um amigo, em São Paulo, tive que usar o elevador de serviço só porque estava carregando uma caixa de livros.
Nada contra os entre-gadores, mas naquele caso específico, eu estava levando um presente para o meu amigo que, aliás, ficou chateado ao me receber pela lavanderia do apartamento. “Vou falar com o síndico”, esbravejou ele. Tomara que o tal síndico seja um homem de bom senso, porque, não raras vezes, é função do morador mais chato do prédio.
Que atire a segunda pedra aquele que nunca foi vítima da secretária que tenta barrar a entrada do sujeito alegando que o chefe está numa reunião importantíssima. Deus é testemunha da quantidade de tempo que os chefes costumam gastar, na frente da tela do computador, com joguinhos de paciência. No caso da secretária, acaba sendo mais fácil, porque mesmo ela estando lá para filtrar as entradas, há mecanismos de convencimento. Por exemplo, marque uma hora, via telefone, em nome de um amigo ou cliente da empresa. Eu mesma já usei desse expediente e deu certo. Entrei numa boa. Só tem um detalhe: lembre-se de desmentir para o chefe, logo no início da reunião. Porém, jamais desminta para a secretária ou correrá o risco de ganhar uma inimiga mortal e, infelizmente, você irá passar por ela toda vez que tiver que falar com o chefe.
Que atire a terceira pedra aquele que, tentando ajudar um amigo numa tarefa profissional, não tenha sido vítima de interpretação equivocada ou maliciosa do restante da equipe, fazendo com que a caça se voltasse contra o caçador.
O sujeito vai lá, com a maior boa vontade, doando seu tempo e sua habilidade, pra, no fim, ouvir um “tá querendo aparecer”, não do amigo que pediu, mas da turma que, não conseguindo realizar, sentiu a maior dor de cotovelo.
Que atire a quarta pedra aquele que nunca foi vítima do mala que, sendo um nada, procura intimidar o interlocutor arrotando sua arrogância com a famosa frase “você sabe com quem está falando?”. Aliás, essa merece o troféu de campeão da falta de senso do ridículo, porque, geralmente, vem daquele que detém um título de amigo do assessor do secretário do avô do ex-ministro que já morreu, ou coisa que o valha. O pior é que esse sujeito, sendo menos que porteiro e secretária, destila o seu veneno nos próprios, prevenindo-se dos pequenos abusos de poder que poderão vir em sua direção. Só que o tiro costuma sair pela culatra, porque não tendo nenhum poder, acaba perdendo a peleja. E, não é o único a sair arranhado da situação, porque provocou um baita e desnecessário aborrecimento na vítima.
Que sirva de lição: não tente, nunca, argumentar com porteiro, secretária ou a equipe de trabalho do seu amigo. Muito menos com aquele mala. Porque nada, mas nada mesmo, é capaz de demover a arrogância de um birrento que, sentindo-se ofendido, abusa do poderzinho que acha que tem.
PS: Só um porém: pra sorte nossa, o abuso do poder, quando é demais, ainda dá cadeia!
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