Sob o domínio das drogas, muitos viciados arrastam seus dramas para dentro de casa e acabam levando familiares a um desgaste emocional. Sentindo-se culpados, pais, mães e irmãos passam a aceitar ações violentas e a viver em permanente alerta, condicionando seu estado ao do usuário da droga. Segundo o delegado do 1º DP de Itapetininga, Marcos Tadeu Quarentei Cardoso, são comuns os casos em que o usuário ameaça e rouba a própria família para comprar droga. “O viciado é alguém fora da capacidade intelectual, que não raciocina como parte da sociedade, é um ser que não pensa na família, não pensa nos amigos. A vida dele é só consumir droga. Ele pega a jóia da própria casa, agride os pais, briga na rua, pula na casa de alguém e tudo isso para comprar droga”, explica.
De acordo com o especialista, o superenvolvimento com as drogas mascara a visualização de soluções e parentes se sujeitam a atos extremos. “Já vi casos em que os pais denunciam os filhos por ameaças. O dependente vende tudo que encontra na casa e só não leva geladeira porque é grande demais. Num caso recente, uma mãe me contou que chegou a trancar a porta do quarto e esconder a carteira debaixo do travesseiro para o filho não pegar o dinheiro”, diz o delegado. “Ao entrar nesta vida, a pessoa perde o bom senso, a autoridade e a dignidade e passa a ser violento porque precisa se reabastecer de droga e acaba cometendo todos estes crimes que vemos no dia a dia”, afirma.
Segundo especialistas, a porta de entrada para o mundo das drogas está quase sempre ligada ao consumo de bebidas alcoólicas e drogas mais fracas como a maconha. Segundo o psicólogo Alexandre Leme de Oliveira, não é correto afirmar que todo usuário de maconha se tornará dependente de substâncias mais fortes, como o crack, mas é quase certo que o usuário de crack experimentou maconha e álcool antes. “Quem usa maconha tem mais chance de usar cocaína e crack, é um fator de risco. Como os piores efeitos da maconha só são percebidos a longo prazo, as pessoas acham que não dá nada e começam a usar substâncias mais pesadas”, diz o especialista.
Traficante
Ao mesmo tempo em que o usuário é vitima do crime organizado, ele também é o agente de fomentação e principal alvo da máquina financeira e criminosa do tráfico. Segundo os especialistas, os traficantes num primeiro momento podem fornecer gratuitamente a droga, até a hora que percebem que a pessoa já está viciada. Por ser algo organizado financeiramente tem que gerar lucro e quem dá lucro é sempre o usuário. “Ele (viciado) não vê o traficante como um criminoso, mas sim como um amigo que sacia o seu desejo.. “O viciado não tem sensibilidade de que a relação é meramente comercial e tem o traficante como herói, a pessoas certa que mata a sua necessidade, mas o traficante de varejo, aquele que tem contato com o viciado, . vê a atividade como uma algo comercial. Não vê cara, coração, família, ele só quer dinheiro”, conclui.
Mais de 20 mil pessoas vivem na linha da pobreza
Em Itapetininga, 20.814 pessoas vivem na linha da pobreza, ou seja, aquelas cuja renda per capita mensal familiar não ultrapassa o valor de R$ 706, metade de um salário mínimo,...