Equipe AE – Em meio à crise que abala os mercados internacionais, o setor imobiliário brasileiro desponta como alternativa de investimento a grupos estrangeiros. Este pelo menos foi o caminho escolhido pela americana JER Partners, empresa com forte atuação nos Estados Unidos e Europa, que agora desembarca no País. Dos US$ 4 bilhões que administra em seu fundo de private equity (participações em empresas), até US$ 1,5 bilhão poderão ser destinados a negócios no Brasil nos próximos três a cinco anos, diz o presidente global da JER, Michael Pralle.
O executivo nega que essa decisão seja reflexo da crise vivida pelo setor imobiliário americano, e diz que a empresa desenhava sua entrada no País há mais de um ano, antes até do início da crise do subprime (hipotecas imobiliárias de alto risco). Ele concorda, porém, que o mercado imobiliário brasileiro pode se beneficiar, especialmente no curto prazo, com os reflexos negativos da turbulência financeira para EUA e Europa.
“Não acredito que as pessoas vão investir, no curto prazo, nos EUA e na Europa ocidental. Mas também acho difícil essa situação durar muito tempo. Passados de seis meses a um ano, os investidores vão voltar a ver oportunidades nesses mercados. Mas, nesse intervalo de tempo, o Brasil pode se beneficiar.”
Apontados como um dos principais financiadores do mercado imobiliário internacional, os fundos de private equity terão pela frente o desafio de encontrar negócios seguros e rentáveis. “A crise ainda não chegou aos países emergentes. Enquanto continuar assim, esses países devem ganhar mais investimentos. Nesse cenário, o Brasil pode sair ganhando”, avalia Luiz Eugenio Figueiredo, presidente da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (Abvcap).
Para a consultora da FGV Projetos, Ana Maria Castelo, mesmo sofrendo os impactos da crise financeira, o Brasil sai na frente de outros emergentes. “Temos um mercado imobiliário ainda muito pequeno, que começa a crescer”, avalia ela. Figueiredo acrescenta que, mesmo sendo uma crise proveniente da inadimplência do mercado imobiliário americano, muitos investidores poderão partir para aplicações no setor. “Em tempos de crise, a compra de imóveis costuma ser a proteção de muitos investidores.”
Apesar de enxergar vantagens em investir no Brasil, Pralle diz que o País não está imune à crise. Mas, na avaliação dele, está menos exposto às oscilações internacionais. “É muito complexo adivinhar o que pode ocorrer. O Brasil faz parte da economia global e será impactado de alguma maneira. Por outro lado, a economia brasileira tem peso doméstico muito grande, respondendo por 65% do total. No Reino Unido, por exemplo, 65% da economia depende do mercado externo”, diz.
No Brasil, a JER vai operar por meio de joint ventures. De acordo com o presidente para o Brasil da empresa, Roberto Perroni, a idéia é atrair parceiros para desenvolver a parte operacional. “A JER vai criar Sociedades de Propósito Específico (SPEs) para desenvolver os projetos. Podemos entrar de 50% a 85% dos recursos, mas toda a parte operacional (construção e venda das unidades) ficará com o parceiro”, diz Perroni.
Apesar de oferecer outros tipos de produtos financeiros ligados ao mercado imobiliário no exterior, no Brasil a atuação da empresa se dará apenas por meio do seu fundo de private equity. De acordo com Pralle, que participou no Rio de reuniões com possíveis parceiros, a JER tem interesse em investir em todos os segmentos do setor, do residencial, passando por hotelaria até construção de shopping centers. Ele também não descarta a possibilidade de aquisição de ativos no Brasil.(AE)
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