Juliana Cirila
Um balanço da Vigilância Epidemiológica dos últimos 10 anos revela que 2020 está sendo o ano com menor incidência de casos de Aids no município desde 2010. Até o momento foram registradas sete confirmações. Em 2019, 26 pessoas testaram positivo para a doença, esta é a maior redução já registrada no período, com uma queda de 73%.
Com o objetivo de chamar a atenção para as medidas de prevenção, assistência e tratamento durante o “Dezembro Vermelho”, mês de conscientização para o tratamento precoce da Aids e de outras infecções sexualmente transmissíveis, a Prefeitura de Itapetininga realiza nos próximo domingo, dia 13 de dezembro, das 08 ao meio-dia, na tradicional Feira Livre as testagens também acontecem nas próximas sextas-feiras, dias 11 e 18, na Avenida Peixoto Gomide, a Campanha “Fique Sabendo 2020”.
No local serão realizados testes rápidos para HIV, Sífilis e Hepatites B e C. O resultado sai na hora, em aproximadamente 15 minutos. Para fazer o teste basta apresentar um documento com foto.
O Jornal Correio conversou com a médica infectologista Carolina Malavazzi que explicou, uma dúvida muito frequente: qual a diferença entre HIV, Aids e Soropositivo.
“Um tempo depois de contrair HIV as pessoas desenvolvem anticorpos contra o vírus, por isso são chamados de soropositivos. Uma pessoa, após ter sido infectada pelo vírus HIV, pode permanecer muitos anos sem desenvolver nenhum sintoma. Nesse caso, dizemos que a pessoa está vivendo com HIV. A AIDS é o estágio mais avançado da infecção pelo HIV e surge devido à baixa imunidade ocasionada pelo vírus, geralmente quando a pessoa apresenta infecções oportunistas que se aproveitam da fraqueza do organismo”.
A infectologista ainda comentou como o HIV age no organismo. “O HIV ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T-CD4+, sendo gradativamente destruídas e deixando o organismo mais fraco e susceptível à aquisição de outras doenças”.
A principal forma de transmissão é a sexual, de acordo com Malavazzi. “Porém pode acontecer de mãe para filho durante a gestação, parto e aleitamento materno, e por contaminação via sanguínea como, por exemplo, uso compartilhado de seringa”.
Para a infectologista a principal forma de prevenção é o diálogo aberto e a educação da população referente ao cuidado do corpo e as práticas sexuais, garantindo acessibilidade a todos os métodos de prevenção.
“Além do uso de preservativos masculino ou feminino durante a relação sexual, hoje existem muitas outras formas de prevenção. Temos a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP) que pode ser solicitada por qualquer pessoa que foi exposta ao vírus, seja por conta de acidentes com agulhas ou após relações sexuais sem preservativos, mesmo as consentidas. O procedimento deve começar em até 72h depois da situação. Os medicamentos são receitados por 28 dias. Outra forma é a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PreP), indicada principalmente para populações-chaves como homossexuais, população trans e casais sorodiscordantes (casos em que somente um dos parceiros convive com o vírus)”, explicou Malavazzi
A infectologista explicou o que deve fazer caso suspeite que foi infectado. “O ideal é que as pessoas façam o exame rotineiramente, pelo menos uma vez ao ano, mesmo sem apresentar qualquer sintoma. Se eu tiver uma exposição, como uma relação sexual sem camisinha, devo procurar o mais rápido possível o pronto-socorro ou a vigilância epidemiológica, no caso de Itapetininga, para receber a profilaxia”.
O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito a partir da coleta de sangue ou por fluido oral, comentou Malavazzi. “No Brasil, temos os exames laboratoriais e os testes rápidos, que detectam os anticorpos contra o HIV em cerca de 30 minutos. Esses testes são realizados gratuitamente pelo SUS nas unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). Os exames podem ser feitos de forma anônima. Nesses centros, além da coleta e da execução dos testes, há um processo de aconselhamento, para facilitar a correta interpretação do resultado pelo(a) usuário(a)”.
Os sintomas do HIV podem aparecer algumas semanas depois de infectados, de acordo com Malavazzi. “Os sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, dor de garganta e fadiga. A doença costuma ser assintomática até evoluir para AIDS. Os sintomas da AIDS incluem perda de peso, febre ou sudorese noturna, fadiga e infecções recorrentes”.
*Sob supervisão Carla Monteiro