Há algumas décadas, prefeitos de qualquer município tinham como uma de suas prioridades a construção das atraentes “Fontes Luminosas”. Desejo incontido do executivo de tornar essa construção um dos marcos de sua gestão e a “satisfação dos munícipes”. Os meios de comunicação da época apoiavam essas ideias, pois “embelezavam a cidade e atraiam grande número de pessoas às praças, centro vivo do município”. Projetos de fontes suntuosas ou mais simples, dependendo de sua localização. Em meados do século XX, em muitas localidades do interior do Brasil, as fontes substituíram, em relevância, os Coretos Musicais. Águas formando movimentos e à noite iluminadas, com toda tecnologia de sua respectiva época.
Em volta da fonte, as famílias e os jovens realizavam o footing, conversavam, flertavam, encontravam seus amores, marcavam casamentos. Ninguém deixava de ouvir o serviço de som, que além de tocar as principais músicas da época, dava notícias e avisos, nas vozes dos radialistas da época. Na praça dos Amores, por exemplo, Hélio de Araújo, Hélio Rochel e Murilo Antunes Alves, entre outros, liam notícias, ofereciam músicas e animavam o povo na praça.
Momento de lazer de toda a cidade, olhar a fonte e sonhar.
Nas praças, também os comícios, os shows de aniversário da cidade, feiras de artesanato, recepção de artistas que visitavam a região. No largo dos Amores, a Fonte também era a sentinela dos encontros e despedidas, pois ali, também ficava a rodoviária da cidade.
Os anos foram passando, os costumes se transformando e a praça deixou de ser, aos poucos, o principal local da cidade. A televisão, os vídeos, a internet…a substituíram.
A Fonte, começou a ter outras funções. Ao final dos bailes, seja durante o ano, ou no carnaval, virou a piscina de quem gostaria de curar suas ressacas. Durante a semana, lazer dos sem teto, sem clubes, sem piscinas. Os prefeitos também mudaram suas prioridades. Asfalto, asfalto, asfalto.
Hoje, projetos prontos, vendidos em pacotes para qualquer prefeitura, descaracterizaram as praças de todo interior. Algumas fontes sobrevivem insólitas, carregando em suas águas, a memória de uma cidade que não existe mais.