Alguem se lembra de Zerbinatto

Estando à frente do extinto “Cine Teatro Ideal” (depois Olana e hoje estacionamento), lembrei-me de um cartaz artisticamente pintado, representando com bia aparência um homem com a seguinte frase: “O homem que passa é um drama que caminha”.
Tratava-se de um filme brasileiro que seria projetado naquela casa de espetáculos, nos idos dos anos 1940. O astro principal era o famoso Celso Guimarães, galã das rádios-novelas apresentadas então pela inolvidável da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, uma das principais emissoras do país.
Sem qualquer intuito de comparações, nesta mesma época conturbada, uma figura que se incorporava na cidade atendia pelo nome sonoro de Eduardo Zerbinatto. Apresentando madura jovialidade, perambulava pelas ruas locais com desembaraço, embora afetado por grave deficiência visual. Óculos escuros, terno bem posto e gravata, chapéu social. Possuía muletas, tateando o chão onde pisava.
De nacionalidade italiana, procedia da doce região de Udine – região, que bem depois o brasileiros ouviram falar, pois os jogadores Zico e Edinho atuaram pelo time de lá, o Udinese.
Pois foi daquela requintada cidade que Eduardo Zerbinatto aportou em Itapetininga, juntando-se à enorme colônia italiana, estabelecida há anos em nossa terra.
Residente na Rua Aristides Lobo, em casa vizinha a Gataz Alguz, conhecido comerciante local, Zerbinatto tinha verdadeira paixão pela música. Ouvia, à noite, os clássicos italianos, além das famosas ópera.
O saudoso Milede Alguz, revelava naquele tempo, que Zerbinatto “além de escutar, ainda cantarolava as melodias com muita afinação, tanto operetas, como os clássicos populares”. Conhecia temas musicais e as biografias de seus autores.
Possuía estreito relacionamento com os cidadãos da cidade, principalmente seus conterrâneos, mas evitando abordar problemas relacionados com o grande conflito mundial, especialmente entre o Eixo Alemanha, Itália e Japão, contra os aliados, liderados pelos EUA.
Sua maior amizade era com Miguel Pucci, um profissional capacitado no ramo dos calçados da Rua Quintino Bocaiuva (esquina com a Júlio Prestes). Um dos filhos de Miguel, o saudoso Bruno Pucci, bem jovem, lia diariamente o jornal “Estadão” a respeito da 2ª Guerra e outros assuntos de interesse.
Zerbinatto, também ouvinte assíduo das rádios, estava sempre em dia com os acontecimentos do mudo. Dedicava-se a distribuição de bilhetes da loteria a vendedores e casas lotéricas locais e, embora com toda a deficiência visual, não errava um passo. No longo tempo que viveu na cidade, frequentando clubes e firmas comerciais, reconhecia as pessoas apenas pela voz. Me lembro muito bem dele me chamando com seu sotaque italiano: “Alberto!!!”.
Não deixava de colaborar em obras sociais e outros movimentos que pudessem favorecer Itapetininga. O trabalho que desenvolvia era realizado com “pura alegria”.
Um personagem a ser lembrado, exemplo de educação e honradez.

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