De acordo com os dados divulgados pela Secretária de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) houve um aumento de 17% dos registros de estupro de vulnerável em Itapetininga. No período de janeiro a julho de 2020 houve 34 registros, nesse mesmo período em 2021 foram 40 registros.
A delegada, titular da Delegacia da Mulher de Itapetininga, Jamila Ferrari acredita que o que aumentou do ano passado para cá foram as denúncias. “Temos que levar em conta que em 2020 tudo parou, as escolas fecharam, as crianças de não foram na casa dos amigos e nós acreditamos que por causa disso as denúncias caíram em 2020, pois os lugares que as crianças se sentem a vontade de compartilhar os abusos estavam fechados”.
Ferrari também explica que informação é necessário e faz com que o número de denúncias aumente. “Talvez na cidade de Itapetininga as campanhas ficaram mais ativas. Casos com repercussão também fazem com que as pessoas tomem coragem para denunciar. Quando situações assim acontecem, a vitima percebe que não está sozinha e tem mais coragem de denunciar”.
De acordo com a delegada é importante os pais manterem diálogo com seus filhos para que seja estabelecida uma relação de confiança para caso aconteça algo, a vítima se sentir segura em contar aos pais. E também é necessário acreditar na criança, para que a denúncia dela não seja invalidada.
A psicóloga Lilian Maria Rolim Leme alerta que o estupro ou abuso acontece, em muitos casos, por pessoa conhecida e próximas da família. “Isso faz com que a mãe não imagine que isso possa estar acontecendo com a criança. Provavelmente esse adulto ter mais acesso a criança, assim começam os abusos e esse adulto começa a ameaçar a criança e essa criança por medo de prejudicar a mãe ou o pai fica quieta e não conta”.
De acordo com a psicóloga esse comportamento de ficar calada, traz muito prejuízo, principalmente na área escolar, a criança que tinha um rendimento bom, ia bem na escola, tem uma queda de desempenho, em casa a criança fica mais calada, mais triste, com choros em horas sem motivos. Em alguns casos se tornando mais agressiva e externa a raiva que ela sente do abusador e acaba sendo mais rude com amiguinhos ou pessoas do convívio. Crianças vítimas deste tipo de violência também apresentam o sono agitado, com choros durante a noite.
Leme também lamenta o fato da pandemia ter afastado as crianças da escola. “Nas escolas os professores detectam que algo está errado pela criança começar a ter baixo rendimento escolar. Mas, na pandemia infelizmente não foi possível ajudar as crianças que muitas vezes ficaram em casa com o seu abusador”.
A legislação entende por estupro de vulnerável qualquer conjunção carnal com a vítima ou prática de ato libidinoso com a vítima que pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher menor de 14 anos, quem não tem discernimento para oferecer resistência por possuir enfermidade ou deficiência mental (com 14 anos ou mais), quem não tem discernimento para oferecer resistência por qualquer outra causa (com 14 anos ou mais), por exemplo, a pessoa totalmente embriagada ou sob efeito de drogas.
Denúncias podem ser feitas pelos telefones da Policia Militar (190) e do Disque-Mulher (180)