O projeto social “Super – Ação Jiu-Jitsu Educacional” vem transformando a vida de crianças, adolescentes e suas famílias em Itapetininga. Instalado na Chapadinha, distante do Centro, limite da zona urbana com a área rural, o projeto atende crianças de segunda a sábado. E as aulas já trazem resultados dentro e fora do tatame, no último final de semana a delegação do projeto foi a São Paulo participar do Mundial de Jiu-jitsu e garantiu medalhas.
Entre os 20 atletas que competiram, nove subiram no pódio. A delegação terminou a competição com uma medalha de ouro e oito medalhas de bronze.
A atleta Sofia Carvalho Ramos garantiu o primeiro lugar na sua categoria. Já os atletas Dafne Werneck Silva, Giovana Amaral, Juan Pablo de Oliveira Nalesso, Maria Vitoria da Costa Alves, Pablo Fernandes, Raissa Oliveira, Samuel Maia Franco e Yasmin Vitória Roque conquistaram o terceiro lugar em suas categorias.
Recentemente a reportagem do Correio esteve na sede do Projeto e acompanhou um dia de aula e também conversou com os atletas e com o professor Roberto Franco que contou como surgiu a ideia de criar o ‘SuperAçao’.
O professor de educação física chegou a competir na elite do Jiu-Jitsu e coleciona títulos como o de cinco vezes campeão Paulista pela Federação Paulista de Jiu-Jitsu e Vice-Campeão brasileiro pela Confederação Brasileira de Jiu-jitsu. Após questões pessoais parou de competir e por um tempo se afastou do esporte que o levou a grandes conquistas. “Fiquei 12 anos com o quimono guardado no armário. Muitos amigos não acreditavam naquela decisão e toda vez que me encontravam falavam que eu deveria voltar para o esporte, mas eu não dava ouvidos. Minha esposa também é graduada na modalidade e quando nosso filho nasceu tudo mudou, a vontade em oferecer a melhor formação educacional para ele me fez resgatar dentro de mim o Jiu-Jitsu”.
Durante um passeio com o filho veio o start para começar o projeto. “Eu brincava com ele no Parque da Lagoa e vi algumas crianças brigando e se xingando, era no período da tarde. Quando vi que estavam vindo em nossa direção fiquei preocupado pela atitude que eu estava observando, mas quando eles se aproximaram foram super simpáticos e brincaram com meu filho. Vi que o eles precisavam de orientação e então fiquei pensando e falei para eles…- se aparecer um Professor para dar aula de Jiu-Jitsu aqui no bairro vocês fariam?”.
A resposta positiva dos garotos foi o que faltava para o professor, faixa-marrom, dar o ponta pé inicial no projeto. No início através de doações de pessoas próximas foram comprados 11 quimonos para as aulas e 35 placas de tatames. Hoje, após cinco mudanças e endereço o projeto conquistou sua sede própria e são 200 placas de tatame e mais de 100 quimonos que são cedidos para os alunos do projeto usarem sem custo nenhum.
A única cobrança é o esforço de cada um no aperfeiçoamento de si mesmo, no respeito dentro de casa com a família, no aproveitamento escolar, no convívio social dentro da comunidade e claro, no empenho durante as aulas da arte marcial.
O professor reforça a importância do esporte como ferramenta de transformação social. “Nosso principal objetivo é a formação integral do ser humano e receber o retorno deles na mudança de comportamento na escola, na casa. As competições entram no planejamento como mais um momento educacional, uma experiência transformadora para o indivíduo e sua família”.
Para o professore, tudo isso só é possível graças ao engajamento de pessoas físicas (empresários) sensíveis as desigualdades sociais do país e que querem gerar oportunidades para esse período tão importante na formação do futuro cidadão, a infância e juventude. Eles também são apoiados por algumas empresas locais que exercitam a sua responsabilidade social com o munícipio e tão importante também a parceria com a Prefeitura Municipal de Itapetininga através da secretaria de esportes juntamente com o vereador Dudu Franco. Ressalta o Professor: “Enquanto ONG tivemos uma evolução institucional significante esse ano, pois foi possível articular ações da sociedade civil, empresários locais e poder público com um mesmo propósito, o investimento na infância, adolescência e juventude através do esporte educacional”.
O atual presidente da associação, o advogado Gustavo Feichtenberg, conta como conheceu e passou a fazer parte do projeto. “Eu sou amigo de um primo do Roberto e sempre escutava não só dele, mas de outras pessoas próximas sobre o projeto. Um dia fui visitar e vi que a iniciativa era muito interessante, o professor super empenhado, mas notei que faltava um conhecimento técnico e me dispus a ajudar ele com o estatuto social (regulamentação, registro, oficialização), toda essa parte burocrática”.
A ligação com o professor, as crianças e tudo o que envolve o “Super – Ação Jiu-Jitsu Educacional” foi tão grande que o advogado seguiu fazendo parte do projeto. “Essa ligação que foi criada é difícil de romper e desde então estou envolvido, trazendo novas pessoas, correndo atrás de patrocinadores. O trabalho tem sido gratificante porque a gente vê as crianças bem empenhadas”
O presidente citou também outros nomes que ajudam a manter o Super Ação vivo, José Luiz Andrade de Albuquerque Alves, Marco Antonio de Almeida Bueno Filho e Victor Hugo Franco de Carvalho Leitão. E é claro diversos parceiros, patrocinadores, apoiadores etc…
São 50 jovens e adolescentes, de 04 a 19 anos, atendidos no projeto e depoimentos como o da Giovana Amaral de 13 anos não são raros. “Quando comecei era bem pequena, era muito agressiva. Depois que entrei comecei a me acalmar, conversar…Jiu-jitsu é a minha paixão. Não gosto de faltar nos treinos”.
“Virou minha paixão”, comentou a jovem Nicolly Mariane Abreu dos Santos.
Com apenas 11 anos, a aluna Dafne Victoria Verneque, participa do projeto desde os sete anos, e contou que além de gostar muito ainda convida os amigos para participarem.
Também desde os sete anos, a pequena Kairine Monteiro Vieira, hoje com nove anos, elogiou o projeto que virou ‘sua paixão’.
O presidente concluiu reforçando o objeto do trabalho e também projetando o futuro. “A gente quer tirar esses jovens do ócio e dar acesso ao esporte de qualidade que é o que o Roberto proporciona. Terminar a reforma dos espaços e participar de competições. Levar o esporte a diante, qualidade de vida, alimentação, disciplina…Nós queremos criar oportunidade para eles, o principal ponto é dar importância a educação”.