Ainda sob o impacto dos horrores da segunda guerra mundial, nasceu a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Apesar de nortear o respeito humano, o documento segue descumprido, uma vez que as torturas ainda são praticadas em mais de oitenta países, os julgamentos são injustos em mais de cinquenta, e falta a liberdade de expressão em quase uma centena deles.
Existem, ainda, pessoas mantidas prisioneiras sem acusação formal e sem julgamento, a exemplo de Guantánamo, e a escravidão ainda não foi totalmente erradicada. Cuba ainda nega a seus cidadãos o direito de ir e vir, contestar e empreender.
A humanidade nunca foi uma brastemp, e sempre esteve sujeita ao predomínio e mando de tiranos e déspotas. No dia-a-dia, mandatários que respeitam os direitos não buscam a perpetuidade no poder, que acaba mal exercido e prolongado, quando tiranos conseguem, por revolução ou eleição, ocupá-lo.
No Brasil, a noção popular dos direitos humanos foi amesquinhada e vulgarizada como um aparato destinado a garantir o direito de bandidos. A justiça é considerada imperfeita e branda quando não imputa, ao criminoso, os horrores que este imputou à vítima.
A sensação de impunidade conduz à sensação de injustiça, e não raro ocorrem episódios de linchamento. A população enxerga como deferência descabida o respeito à condição humana dos prisioneiros.
Os brasileiros, em verdade, não possuem respeitados os mais comezinhos direitos humanos. Ainda sofrem desassistidos, nas estruturas de saúde, e sofrem inseguros a escalada da criminalidade.
O transporte público segue congestionado e pouco eficiente, enquanto o ensino gratuito reflete e sofre as desestruturas e carências da população.
Sofremos a escravidão de sermos mal representados, por aqueles que elegemos. São raros os eleitos, do município ao planalto, que não se deixam conduzir pelos encantos e facilidades do mandato.
Os avanços sociais que experimentamos são obtidos a fórceps, quando o ruído das ruas e a incerteza das urnas ameaça a tranquilidade dos palácios. Temos uma representação política irresponsável, com comichões situacionistas e, não raro, conivente com qualquer malfeito oriundo dos que possuem a caneta que nomeia e gasta.
Nosso maior desrespeito humano é a corrupção, na verdade roubo. É a corrupção que destrói instituições, empobrece o povo e torna mais graves e desassistidas nossas necessidades.
Aprendemos, desde 1.500, que a corrupção é um evento natural, próprio da natureza humana e incontornável. Nada mais falso, e nenhum outro aprendizado é tão destrutivo.
A corrupção deveria ser penalizada com base no número de vítimas, sempre próximo a duzentos milhões de brasileiros. Aí sim, deveríamos exercitar nossa primitiva noção de justiça, açoitando os corruptos em praça pública, e mantendo-os acorrentados à maior árvore da praça.