Edmundo Vasques Nogueira
Comandar uma cadeira de rodas apenas com os movimentos da cabeça: um projeto que pode mudar a vida de muitas pessoas cuja deficiência impede os movimentos das pernas e das mãos, reduzindo sua capacidade de mobilidade. A iniciativa está sendo desenvolvida pelo professor Carlos Henrique da Silva Santos e pelo aluno João Pedro Martins, do ensino Médio Integrado em Informática do Campus de Itapetininga do Instituto Federal. O mecanismo que funciona por meio de um celular ou tablete, poderá ser acoplado em qualquer tipo de cadeira de rodas.
O projeto é inovador, envolve um sistema complexo de tecnologia avançada e tem um grande diferencial: proporcionar uma solução que seja o mais barato possível e também de fácil acesso para o maior número de pessoas que necessitem de um recurso como este.
O software de controle do sistema da cadeira de rodas será disponibilizado gratuitamente e está sendo estudada a possibilidade de dividir em partes, deixando as adaptações simples e acessíveis, de forma que os equipamentos necessários sejam facilmente comprados ou construídos com um baixo custo.
A ideia do projeto surgiu após uma visita do professor Carlos Henrique a APAE de Itapetininga para ajudar a instituição desenvolvendo soluções de informática gratuitas. Na ocasião ele e outro professor desenvolveram um software para tablet onde a pessoa poderia clicar e utilizar um comando de voz. Desse aplicativo os professores do Campus de Itapetininga do Instituto Federal perceberam que conseguiriam desenvolver mais soluções com esse tipo de aplicativos. Eles perceberam que poderiam utilizar essa mesma “interface” para o movimento da cabeça, analisaram melhor o aplicativo e tiveram a ideia de trabalhar com uma câmera de um celular ou de um tablet, possibilitando para as pessoas com algum movimento mínimo da cabeça a possibilidade de controlar um carrinho. O carrinho é um protótipo que o aluno João Pedro Martins começou a trabalhar no ano passado. Com o movimento da cabeça o carrinho, protótipo do sistema, vai para frente e para trás com precisão.
O objetivo, ainda neste ano, é fazer o protótipo ser acoplado numa cadeira de rodas, de forma a aperfeiçoar, na prática, o dispositivo de controle do sistema.
Motivação
O professor Carlos Henrique conta que uma das motivações para desenvolver o sistema inovador foi a experiência com o filho que também precisa de terapias para sua mobilidade. Numa das terapias o professor Carlos observou uma mãe de cadeirante, uma mulher franzina, tendo grande dificuldade para tirar uma cadeira de rodas de um carro popular. A pessoa com mobilidade reduzida precisa de várias terapias diferentes, muitas vezes no mesmo dia. A idéia do projeto surgiu da empatia e sensibilidade com as dificuldades que restringem de forma contundente a vida das pessoas com deficiência.
Viabilidade do Projeto
O professor Carlos Henrique destaca a importância das verbas parlamentares para a viabilização de projetos como esse. Com os recursos do Campus de Itapetininga não é possível comprar tudo o que é necessário para o desenvolvimento desse tipo de sistema. Ele destaca que o recurso contemplado pela deputada federal Tabata Amaral foi fundamental para a realização do estudo e desenvolvimento do sistema. Além dos equipamentos, esse tipo de recurso permite o pagamento de bolsa para os alunos estudarem e desenvolverem as soluções tecnológicas.
É importante destacar que atualmente, equipamentos como cadeiras de rodas automatizadas, com recursos necessários para a locomoção de uma pessoa com esse tipo de limitação, tem um custo muito alto e envolve equipamentos muito complexos. O projeto desenvolvido aqui no Campus de Itapetininga permite atingir uma camada muito maior da população disponibilizando um sistema gratuito e acessível a todos.
O projeto do professor Carlos Henrique, do Campus de Itapetininga do Instituto Federal São Paulo, é muito mais do que o desenvolvimento de tecnologia: promover a acessibilidade é contribuir para a dignidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, permitindo que possam viver de forma independente e exercer seus direitos de cidadania e de participação social.