Estávamos em 1959 e frequentávamos o 3° Normal A (havia também o 3° Normal B, também matutino e o C, noturno). Para quem não se lembra ou não é do tempo, Curso Normal seria uma espécie de ensino médio, mas profissionalizante, ou seja, formava professores para a escola primária. Escola primária na época é o que seria hoje o Fundamental I (de 1ª a 5ª série). O título era tão amplo que compreendia até o curso Científico (para os que iriam fazer vestibular para Medicina, Engenharia, Odontologia e outras), o curso Clássico (para quem preferia Direito, as disciplinas Inglês, Francês, História, Geografia e outras ciências humanas). Também o chamado “Ginásio” (hoje Fundamental II – de 6ª a 9ª série. Não esquecendo do pré-primário (Jardim da Infância).
Em 1953 a Escola Normal transformava-se em Instituto de Educação pois passava a incluir dois cursos pós-ensino médio, ou seja, o de Aperfeiçoamento em um ano (aperfeiçoamento das disciplinas do curso Normal ou Magistério) e o de Superiores Escolares (para o pessoal que já trabalhava no magistério e compreendia dois anos de estudos).
A Escola Estadual “Peixoto Gomide” de Itapetininga (como é chamada hoje) já era um símbolo da cidade. até meados da década de 1970, por ser de formação de professores era independente da Delegacia de Ensino da cidade. Respondia a algumas regras gerais do Ensino Secundário e Normal da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Ela tinha algumas liberdades que outras não tinham. O diretor era uma figura importante na cidade.
Mas voltemos em 1959. Estávamos no último ano e pensávamos o que seria de nossa vida na década de 1960. À medida que estava chegando o final do ano, uma pontinha de tristeza em nosso modo de ser. Era uma classe de moças e rapazes (a maioria moças) todos devidamente uniformizados: os rapazes com camisa branca com três listrinhas amarelas no bolso, calça preta, idem aos sapatos. As moças usavam saias listradas, camisas brancas e sapatos pretos. Temíamos os exames de final de ano, principalmente na disciplina Prática de Ensino quando tínhamos que dar aula para as séries do curso primário.
Num determinado dia tínhamos que sortear a série, o tema e prepará-lo em vinte e quatro horas. Tínhamos que elaborar o plano de aula (não era fácil), estudar o conteúdo, arrumar as ilustrações, de preferência coloridas. Daí a busca de fotografias nas revistas da época como “O Cruzeiro” e “Manchete”.
O exame de Canto Orfeônico era oral. Tínhamos que solfejar na frente da professora (a excelente Anne Zilpah Casimiro de Abreu) compositores brasileiros eruditas como o gênio Villa-Lobos. Em Desenho, também oral, esquematizar no quadro-negro o tema sorteado. Enfim, a cerimônia de formatura no salão nobre da Escola e o baile de formatura (nos clubes Venâncio Ayres ou Recreativo). Dependendo do trabalho das classes (festinhas) a orquestra poderia vir de fora.
Baile concorridíssimo com sambas, sambas-canções, bolero, foxes (ritmo americano pré rock), valsas e no final marchinhas de carnaval. Ao contrário da canção de Ataulfo Alves, “Tempo de Criança”, éramos felizes e sabíamos.
Se fato é foto…
O itapetiningano Fábio Ayres (professor e orientador educacional) praticando sua atividade física preferida que é a corrida, para poder estar em forma fisicamente e psicologicamente e assim ministrar suas aulas com muito pique, concentração e entusiasmo. foto: acervo