Uma flor para Angelina

Poucos minutos antes de fechar a urna funerária, para o início de um sepultamento, na Sala 6, da agência funerária local, uma cena sensibilizou acentuadamente todos que se encontravam no velório.
Humildemente, com trajes novos, surge na sala um senhor, com pouco mais de cinquenta anos. Respeitosamente e com a face demonstrando intensa emoção, curvou a cabeça e em prantos beija seguidamente as faces inertes da senhora falecida. Com mãos trêmulas, deposita um botão de rosa vermelha, que trazia consigo, ao lado do corpo de Angelina Ragazzi, falecida naquele dia 15. O personagem daquele momento contristador era o jardineiro, que por muitos anos prestou serviços à professora Angelina, em sua propriedade.
O marcante episódio, inesquecível, talvez tenha retratado o amor que centenas de pessoas, tanto de Itapetininga, como de outras localidades, nutriam pela competente e simpática musicista, professora e cantora Angelina Colombo Ragazzi, personalidade das mais respeitáveis em nossa cidade.
Uma das divas supremas do canto e da música do Estado de São Paulo, residia em Itapetininga há mais de meio século, onde conquistou muitas centenas de admiradores e fãs. Nesta cidade, seu pai, paulistano, tinha laços de parentesco com Fortunato Mazzei. Gostou tanto dessa localidade que adquiriu vastas área próxima à Lagoa Silvana, loteando-a e transformando-a no hoje conhecido Bancários, o Jardim Colombo, valorizado bairro de Itapetininga.
A professora Angelina, em sua fulgurante e longa carreira, mestra do canto e da música, formou-se na Escola Santa Marcelina, em São Paulo. Dedicou-se à especialização nesta área, salientando seus estudos na aprendizagem de piano, “instrumento de sua paixão”. Seu ensino era primoroso, ministrando aulas a mais de dois mil alunos.
Formou, graças a seu incentivo, e dirigiu vários corais em diversas escolas e instituições particulares. Lecionou matérias ligadas à música, sempre solicitada a formar corais, como o da Fundação Karnig Bazarian e Associação de Ensino de Itapetininga, como também no Conservatório Musical de Tatuí, famoso internacionalmente, além da Escola Municipal de Música Livre de Itapetininga.
Considerada como uma das grandes vozes do interior paulista, tinha o porte de uma verdadeira cantora de ópera, razão pela qual era convidada para se apresentar nas maiores solenidades cívicas, notadamente em casamentos ou formaturas, inundando com sua belíssima e afinada voz, todo o espaço onde atuava. Certa ocasião, em comemoração do sexagésimo aniversário de um casamento desta cidade, na Catedral local, ela entoou músicas Árabes, empolgando os convidados presentes.
Por onde passou deixou seu atestado de amor e competência inconfundíveis, elogiado e admirado por todos que a conheceram e tiveram o privilégio, o prazer e a satisfação de vê-la e ouvi-la.
Sua maior glória, foi quando se exibiu no Scala de Mião, na Itália, o Templo do Canto, onde se apresentaram artistas da estirpe de uma Maria Callas
Angelina Ragazzi, um ser humano querido pelo jardineiro, pelo advogado, pelo pedreiro e pelo médico, viúva de Stéfano Ragazzi, deixou os filhos, Paulo, Marina, Helena e Regina, além de familiares, parentes e inúmeros amigos e admiradores.
Uma senhora que deixa um vácuo impreenchível

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