O ano de 2001 foi especial para o futebol de Mandaguari. A alegria de conquistar um título de expressão estadual foi dada à cidade pelo Águia Futebol Mandaguari, que foi campeão da Série A-2 (Terceira Divisão do Campeonato Paranaense). A equipe, na época formada e bancada pelo empresário Jair Piazentin, encerrou a competição sem conhecer a derrota.
Piazentin conta que sempre gostou de futebol, inclusive jogou no Pinheiros (hoje Paraná Clube), participou de alguns jogos pelo Mandaguari Esporte Clube (MEC), quando era comandado por Valdemar Lopes, e com 18 anos desistiu da carreira.
“Anos mais tarde percebi que Mandaguari se perdeu, não tinha nenhuma equipe profissional. Foi então que montei o Águia”, relata Piazentin. Segundo ele, não houve nenhuma ajuda financeira por parte do poder público nem da iniciativa privada. “Banquei tudo”, comenta o empresário.
A única ajuda que Piazentin obteve foi do amigo Roberto Fonseca – atual treinador do Brasiliense, que disputa a terceira divisão do Brasileirão – que montou toda a estrutura técnica. “Tivemos a sorte que a Federação Paranaense adiou o início da competição, fizemos oito jogos amistosos que foram importantes para formarmos uma base sólida para disputarmos a terceirona”, comenta o então treinador.
Júlio César Lazarin da Silva, o Raspinha, montou uma equipe esportiva que transmitiu todos os jogos do Águia, inclusive os amistosos no rádio. “Era uma coisa de maluco, por sermos a única equipe a transmitir os jogos, a cidade toda nos acompanhava”, conta Raspinha.
A estreia na competição foi no aniversário de Mandaguari, 6 de maio de 2001, em que o Águia ganhou de 4 a 1 do Colorado. “O jogo mais tenso foi no dia 19 de agosto, em Cambará, contra o time do Matsubara. Eles pintaram o vestiário um dia antes para prejudicar os jogadores de Mandaguari e no final da partida houve uma confusão generalizada, em que até eu levei uns tapas”, lembra Raspinha. O Matsubara precisava da vitória para poder subir, já o Águia tinha apenas de empatar. O jogo ficou em 0 a 0.
Depois de passar pelo Roma de Apucarana na semifinal – que, segundo Fonseca, era o time mais forte do campeonato – chegou a hora da grande decisão contra o Arapongas. No dia 16 de setembro, depois de 41 anos, a torcida de Mandaguari gritava “é campeão” novamente. “Foi algo sensacional, o campo do MEC completamente lotado, pessoas em cima de árvores, foi inesquecível. Não perdemos um jogo sequer”, diz Fonseca.
Já Piazentin ressalta que o objetivo era montar uma equipe que representasse bem a cidade. “Foi surpreendente, o futebol é muito difícil, ganhar de forma invicta é mais complicado ainda, e nós conseguimos.”
No ano seguinte, o time jogou a segunda divisão por Maringá. “Tivemos de fazer isso, não tínhamos nenhum apoio aqui, o estádio não tinha as exigências que a federação exigia”, explica Piazentin.
Para Raspinha será impossível a cidade ter um time profissional novamente. “Temos dois problemas, o primeiro é estrutural, a cidade não tem estádio. O outro é de ordem econômica, o futebol é muito caro, o custo é muito alto, se não houver um grupo de empresários compromissados com o esporte não dará certo”, concluiu o comunicador.
Jogos do Águia no Campeonato Paranaense da Série A-2
6/5/2001 Águia 4 x 1 Colorado
20/5/2001 Águia 1 x 1 Roma
27/5/2001 Noroeste 1 X 1 Águia
10/6/2001 Colorado 0 X 1 Águia
24/6/2001 Águia 3 X 1 Noroeste
8/7/2001 Roma 1 X 1 Águia
15/7/2001 Águia 2 X 2 Cascavel
22/7/2001 Arapongas 2 X 3 Águia
9/7/2001 Águia 1 X 0 Matsubara
5/8/2001 Cascavel 1 X 1 Águia
12/8/2001 Águia 0 X 0 Arapongas
19/8/2001 Matsubara 0 X 0 Águia
26/8/2001 Águia 2 X 2 Roma
2/9/2001 Roma 0 X 1 Águia
9/9/2001 Arapongas 1 X 2 Águia
16/9/2001 Águia 4 X 2 Arapongas
*Reportagem publicada na 32ª edição do Jornal Agora.