O primeiro trimestre de 2024 teve o menor registro de chuvas desde 2011 em Itapetininga, totalizando apenas 285,2 milímetros de janeiro a março. De acordo com o observador Wilmo Pires de Oliveira, da Secretaria de Agricultura de Itapetininga, o ano de 2021 é considerado o mais seco dos últimos treze anos, registrando 806,3 milímetros de chuva.
Já o mês de dezembro de 2023, tradicionalmente marcado pelo início das chuvas de verão, também ficou abaixo da média, registrando apenas 51,8 milímetros de chuva, o menor volume desde 2013, quando foram registrados apenas 58,5 milímetros no mesmo período.
O agrometeorologista Daniel Nassif explica que de janeiro a março de 2024 tivemos períodos de seca e temperaturas elevadas, chegando a mais de 40 graus em algumas cidades da nossa região. “Esse evento chamamos de evento extremo, o qual não é esperado para essa época do ano, mas ocorreu. Esse período de menos chuvas do que o esperado coincidiu com a safra de verão, o que acabou trazendo prejuízos para diversos produtores rurais que não tem equipamentos de irrigação nas lavouras”.
De acordo com Nassif os principais fatores que contribuíram para essa condição é o período seco no verão. “É o resultado de diversos fenômenos atmosféricos e oceânicos ocorrendo ao mesmo tempo, principalmente a ocorrência do El Niño forte que tivemos no final de 2023 e início de 2024 foi o fator que mais influenciou essa anormalidade climática”.
Em Itapetininga, tivemos grande impacto nas áreas rurais, com pastagens menores e mais secas do que o normal, explica o agrometereologista. “Com redução de chuva e menos água para as lavouras, muitos produtores experimentaram uma quebra de safra da soja, principal cultura produzida no verão. A população urbana sentiu o calor excessivo e alguns dias mais secos, e também os pontos de queimadas que ocorreram no verão, período em que isso não é esperado devido às chuvas”.
Sobre o padrão climático que influenciou em Itapetininga Nassif fala que tivemos no final de 2023 um El Niño forte, que ocorreu no início de 2024. “Isso trouxe uma anormalidade para a região, com grandes massas de ar mais seco e quente, chamados de zonas de alta pressão, e redução do volume total das chuvas”.
De acordo o agrometereologista a falta de chuvas no verão ocorre devido à circulação atmosférica alterada, o que é causada pelos fenômenos como El Niño. “Ao avaliar o cenário mundial com os anos de 2022 e 2023 batendo os recordes de temperatura, claramente verificamos que já está ocorrendo alguns impactos da alteração climática, e a tendência é que essas anormalidades vistas devem ocorrer com mais frequência nos próximos anos”, explica.
Sobre as projeções ou previsões para o futuro próximo em termos de precipitação em Itapetininga Nassif informa que com a redução do El Niño para normalidade, esperamos que as chuvas voltem ao normal em nossa região. “Isto é, ocorrência das mesmas, porém em volumes mais baixos até meados de novembro, devido a chegada das estações mais secas do ano”.