Os motoristas que precisam passar pela rua Quintino Bocaiúva precisam ficar atentos, uma passagem de pedestres provisória ocupa parte das vagas de estacionamento na altura do número 426. A medida foi tomada após uma parede do histórico Solar dos Rezende desmoronar no último sábado, a calçada está interditada. O local está sinalizado com cones e faixas de isolamento.
Em nota a Prefeitura de Itapetininga informou que a GCM foi acionada no último sábado, dia 14, para realizar a sinalização da via onde ocorria a retirada de entulho de parte do imóvel que caiu, segundo a empresa responsável, durante as obras no telhado.
Relembre
Em meio a obras de remoção do telhado parte do histórico Solar dos Rezende desmoronou. Na tarde do último sábado, uma das paredes do casarão desabou. De acordo com a empresa responsável pelo serviço do telhado, uma das paredes cedeu inesperadamente atingindo o tapume, poste e até a rede elétrica.
Ainda de acordo com o responsável da empresa, nesta segunda-feira a equipe está refazendo o tapume e instalando cabos de aço para segurar as paredes que dão acesso a Rua Vila Rezende.
O Correio não conseguiu contato com os proprietários e aguarda um retorno da prefeitura sobre o assunto.
Como o Correio vem mostrando nas últimas semanas, a remoção do telhado do histórico Solar Ananiza Rezende que chamou a atenção dos moradores de Itapetininga nos últimos dias, foi uma determinação da Justiça. A informação foi confirmada pela Prefeitura que informou ainda que a manutenção do imóvel foi requerida pelo poder público municipal após vistoria da Defesa Civil municipal e determinada pelo poder judiciário.
Na semana passada, o Correio, mostrou que a intervenção no Sola, um dos últimos solares de Itapetininga, situado na rua Quintino Bocaiúva, no Centro da cidade despertou o interesse de quem passa pelo local, reacendendo o debate sobre a preservação do patrimônio histórico do município.
OPINIÃO
O fim do Solar Dos Rezende
Fuad Abrão Isaac
Nesta semana, nos jornais locais, nas redes sociais e nas conversas entre amigos, além da guerra entre Israel e a Palestina um dos assuntos mais discutidos foi o fim do Casarão dos Rezende.
Todos que passaram pela Rua Quintino Bocaiuva, no início deste mês, se surpreenderam com a obra que estava em andamento. Segundo a imprensa, estariam, por ordem judicial, removendo o teto e o piso superior do Solar, para “possível” restauração…
Algumas manifestações sobre o prédio, mas nada de muito profundo…apenas restauração…, mas no dia 11, o pior aconteceu. O majestoso casarão tombou.
O Solar dos Rezende, como é chamado, ou Solar Ananiza Rezende, segundo informações, construído em meados do século XIX, constituiu-se num dos símbolos de Itapetininga.
Numa pesquisa realizada há alguns anos atrás sobre os símbolos que representavam a nossa cidade, o Solar ficou em 4° lugar – perdendo para a Torre da Matriz; Centro Cultural na Praça dos Amores e o Paço Municipal no Jardim Marabá
Muitas histórias e lendas se contaram e escreveram sobre
Meu saudoso pai, o jornalista Alberto Isaac, que nos deixou há quatro meses, memorialista e ferrenho defensor do patrimônio cultural de nossa cidade, foi um dos que registrou essas histórias.
Certa vez, quando criança, fui com ele no casarão para uma entrevista com a então proprietária, a sra Caliza Rezende, uma senhora bem idosa, que contou muitas coisas que viveu naquele enorme casarão.
Desse relato, saiu uma matéria para o Jornal O Estado de São Paulo (e posteriormente para o Correio de Itapetininga), já que o prédio iria fazer parte do Livro Éramos Seis, que depois virou novela em duas versões
O “Solar dos Rezende”, que viu os tropeiros subirem a Rua das Tropas, que recebeu governadores e nobres figuras do final do império e República Velha, ou jovens de várias décadas para carinhosas felicidades
Provavelmente vai virar estacionamento por um tempo e depois em torres de apartamentos, o fim de tantos prédios e casarões que contam a história de nossa cidade
Não há hoje nenhuma ação pública do município em defesa de nosso patrimônio. Em 2011, na Câmara Municipal criou o Conselho Municipal em Defesa do Patrimônio. Foi tentado, através do Condephaat, realizar o “tombamento” de vários símbolos de nossa cidade. Infelizmente, até hoje nada foi conquistado. A perda desse patrimônio, pode acordar os agentes culturais e os amantes da memória para uma nova jornada de militância em defesa de nossa história.