A Páscoa tem suas raízes nas tradições judaico-cristãs, é um período de significado profundo, tanto espiritual quanto psicológico. Psicologicamente, ela simboliza um recomeço, uma nova vida e sentido de sacrifício. A palavra hebraica “Pessach”, que significa “passagem”, reflete bem essa ideia de transição e renovação.
Para muitos, a Páscoa é um momento de reflexão sobre a vida e sobre o que é necessário deixar para trás para seguir em frente. É uma época de perdão e reconciliação, de colocar as diferenças de lado e de se aproximar das pessoas que amamos. Além disso, a Páscoa é um momento de solidariedade e de pensar em mudanças positivas.
Nesse contexto, a Páscoa pode ser vista como uma oportunidade para avaliar o que foi feito até agora e o que gostaríamos de ter feito, que foi adiado. É um convite para procurar pensamentos positivos, mesmo nos momentos difíceis, melhorando a autoestima e ajudando a ter prazer nas pequenas coisas da vida.
RELIGIOSIDADE E SAÚDE MENTAL
A relação entre religiosidade e saúde mental é um tema de crescente interesse no Brasil, onde a religião é uma parte inerente da cultura. Estudos indicam que a espiritualidade e a religiosidade podem ter um impacto positivo na saúde mental, oferecendo recursos para enfrentar desafios e promovendo bem-estar geral.
A religiosidade pode proporcionar um bem estar emocional e social, além de ensinamentos que incentivam a qualidade de vida. Por outro lado, alguns estudos também apontam que a religiosidade pode gerar níveis patológicos de culpa, diminuir a autoestima e possuir ideologias que reprimem a expressão da raiva e das manifestações sexuais.
O Jornal Correio de Itapetinga entrevistou Sérgio Martins Silva Filho, Pastor Presbiteriano e Psicanalista Clínico, nascido em Itapetininga, pai da Lorena e marido da Jéssica. Ele é graduado em Teologia e Filosofia, com pós graduação em Psicologia Clínica, Psicanalise Clínica, Neuropsicologia Clínica.
“Parte do trabalho pastoral, de atendimento pastoral , faz a mesma coisa que o trabalho de um psicanalista, dadas as proporções e diferenças, uma vez que a psicanálise é clínica e são coisas bem diferentes. Eu considero que a formação de psicanálise ajuda muito na questão do trabalho religiosos” diz Sérgio.
Ele cita o seguidor de Freud , Carl Gustav Jung , fundador da psicologia analítica, que tinha uma visão próxima da espiritualidade . “Ver a espiritualidade como uma parte importante da interioridade, uma capacidade de olhar para a parte interna, ajudar nos reajustes, no equilíbrio interior, tanto como se lida com o mundo interno e com o mundo externo” diz Sérgio
Ele destaca que a formação em psicanálise ajuda muito a entender quem é o ser humano, seus desejos internos, as questões que lida na sua intimidade. Neste contexto ele diz que “tanto o pastor como o terapeuta vão ter em comum o trabalho com o desejo da transformação humana , para que a pessoa se alinhe mais , gerando saúde mental”.
“Temos um grande número de estudiosos das mais diversas áreas que apontam a religião e a espiritualidade como um componente da saúde mental” destaca Sérgio.
Apontado a espiritualidade como uma parte integrativa do ser humano, Sérgio lembra que , a partir de 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a saúde é física, mental e espiritual .
Para ele a Páscoa é um conceito mais ligado a Teologia , mas se expressa de muitas formas e de maneira geral na Cultura. “Pros judeus a Páscoa tem uma conexão simbólica de liberdade e o cristianismo tem um acréscimo a partir do novo testamento, que simboliza a ressurreição, para a teologia cristã é um marco central de tudo que Jesus ensinou , marcado pela ressurreição no domingo de Páscoa” afirma o pastor Presbiteriano.
Sobre a Páscoa na igreja Presbiteriana, Sérgio diz: “tanto quanto nossos irmãos católicos romanos, a Igreja Presbiteriana tem um calendário litúrgico com os eventos marcantes como a Paixão e toda a trajetória de Jesus, com o ponto central na ressurreição, sobre o Cristo que sofre e ressuscita”.