A médica Carolina Malavazzi Galvão é natural de Itapetininga, mãe do Davi e da Yasmin, formada em medicina pela PUC-Campinas, com especialização em Infectologia e mestranda pela Unesp de Botucatu.Ela também é Médica Antroposófica, com MBA em Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde.
Como a grande maioria dos seus colegas de profissão, a Carolina poderia atender numa clínica cobrando muito bem por suas consultas. Ela se especializou e tem uma ótima formação profissional pra isso.
Mas a Carolina não pensa assim.
A Carolina escolheu atender os moradores de rua da nossa cidade, prestando um atendimento de saúde digno e humanitário para quem mais precisa.
“Escolhi a Infectologia por que percebi que eu seria muito mais útil tratando de doenças marginalizadas, que a maioria dos profissionais de saúde acabam não tendo um olhar para estas doenças e para estas pessoas que estão na marginalidade. Percebi que eu, Carolina, poderia desempenhar uma função muito importante atendendo estas pessoas que mais precisam” afirma Carolina.
Ela participou do programa “Médicos Sem Fronteiras” morando três anos na África, trabalhando em epidemias como de HIV e Tuberculose. Essa experiência trouxe para Carolina uma visão global dos problemas de saúde e ela aprendeu a trabalhar nestes lugares onde poucos recursos são disponíveis.
Depois do programa “Médicos Sem Fronteiras”, Carolina voltou para Itapetininga para trabalhar no SUS e logo depois no programa “Consultório na Rua” que atende moradores de rua e pessoas com alta vulnerabilidade social. No programa, a médica percorre as ruas da cidade com sua mochila nas costas, levando os equipamentos e remédios para o atendimento dos moradores de rua.
O programa “Consultório na Rua” faz parte de uma parceria entre o governo federal e a prefeitura de Itapetininga, por meio do Ministério da Saúde. Além da Carolina a equipe do programa conta com uma enfermeira, uma técnica em enfermagem, uma terapeuta ocupacional, uma assistente social e um psicólogo.
“Essa população, por causa da vulnerabilidade, não acessa os serviços de saúde como as UBS, os postos de saúde, os ambulatórios médicos ou os hospitais. A gente já mapeou a cidade e sabemos os pontos onde eles ficam, já conhecemos a maioria e temos um vínculo criado. Nós chegamos, escutamos e acolhemos, focando um atendimento de saúde integral. Mas sabemos de todos os desafios , levando em consideração a vulnerabilidade social ao extremo dessas pessoas” explica Carolina.
Ela destaca que muita gente pensa que as pessoas em situação de rua gostam de viver na rua , que não querem trabalhar , não querem voltar para suas famílias. Ela ressalta que essas pessoas estão na rua porque não têm outra oportunidade. A grande maioria está desempregada , não consegue emprego por ter uma educação deficiente, são pessoas que não tem vínculos familiares ou estrutura familiar. “Elas estão ali porque não conseguem estar em outro lugar. Elas são pessoas que, como qualquer um de nós, tem um histórico, as vezes pessoas com doenças mentais, e precisam de um mínimo de dignidade, de moradia, de assistência à saúde e educação para conseguir levar suas vidas de uma forma mais digna” conclui Carolina.
“Se a gente quer uma sociedade onde todos tenham direitos, a saúde é uma das principais questões. Se a gente pensar que a grande maioria da população não pode pagar convênios de saúde, sabemos o quanto o SUS é extremamente importante, mesmo com seus inúmeros desafios. A gente vê em países ricos, como os Estados Unidos, as pessoas sendo jogadas pra fora dos hospitais, por que não tem dinheiro pra pagar a conta. Isso não acontece no Brasil. O SUS ainda tem muito a melhorar, mas as pessoas tem o acesso mínimo que necessitam, e por isso ele é muito importante. Na pandemia, se não tivéssemos o SUS, a cifra de 700 mil mortos por COVID seria duplicada ou triplicada” ressalta.