Não é de hoje que o nível da água na Lagoa Regina Freire, também muito conhecida por anos como lagoa da Chapadinha, vem chamando atenção. Porém, nos últimos dias a imagem chocante da lagoa praticamente sem água tomou conta das redes sociais. Vídeos feitos no local mostram o chão rachado e seco em vários pontos, além de alguns peixes mortos no pouco de água que resta. De acordo com o engenheiro ambiental, Vinicius Válio, a situação da lagoa pode ser irreversível se medidas não forem tomadas.
O mecânico de motos, André Hergesel, costuma tirar fotos e fazer vídeos com o drone nas horas vagas. Foi um dos registros dele que viralizou de maneira triste, devido a situação da lagoa. “Está no lodo, muito triste. Há uns dois meses tinha ido lá e não estava assim. A publicação repercutiu muito”.
As imagens capitadas por ele podem ser assistidas em um vídeo de pouco mais de dez minutos no seu canal do youtube ALH DRONE. O link você encontra no nosso site. (https://www.youtube.com/watch?v=xQfoi4_lBAw)
O engenheiro Vinicius Válio explica que em quatro anos a lagoa perdeu metade de sua área (espelho d’água) saindo de 5 hectares em 2017 para 2,5 hectares em 2021. “Curiosamente isso só aconteceu com essa lagoa, nas outras da região, a área e volume de água se mantiveram relativamente estáveis. A única variação verificada foi a sazonal (Ou seja, em função das estações do ano e das chuvas)”.
Para o engenheiro, três ações podem ajudar a salvar a lagoa: “reversão do sistema drenagem que deixou de ser destinado para lagoa (se você notar na imagem está seco bem próximo ao local onde deveriam chegar as águas das chuvas), suplementação por meio de poço artesiano e plantio de árvores nativas em volta da lagoa também podem ajudar”.
“Vale ressaltar que não é a pequena impermeabilização (com o asfaltamento da Estância Conceição) realizada ao redor da lagoa que causou a situação atual. O principal atrativo do parque é a lagoa, ambientalistas já vem alertando o poder público sobre a situação desde o início do ano”, informou.
Em dezembro do ano passado a situação já era alertada por moradores e pessoas que visitam o parque. Na época, as galerias de águas pluviais que deveriam estar alimentando a lagoa estavam secas, e a região da lagoa onde elas estavam instaladas também estava sem água. Em entrevista à televisão, o secretário de Obras da época, Aldo Albuquerque, disse que não era isso que estava afetando o nível da lagoa. “Toda essa infraestrutura de pavimentação implantada na região, o que é favorável, o desnível topograficamente, foram canalizadas e direcionadas para a lagoa. A parte alta em frente a Etec que tinha muito alagamento, toda aquela água foi coletada por redes para a lagoa. O problema mesmo é a forte estiagem”.
No final de agosto, a prefeitura realizou algumas obras de drenagem e construção de galerias para ampliação do volume de água na Lagoa Regina Freire. Na época, a prefeitura esclareceu que o objetivo era fazer a captação das águas das chuvas que escoam pela avenida Moisés Nalesso e direcioná-las à lagoa, aumentando assim, o volume hídrico do principal atrativo do Parque Ecológico Regina Freire.
“Essa ação irá ajudar a aumentar o volume da lagoa, drenando água da chuva, e deve amenizar os efeitos da forte estiagem”, destacou a prefeita Simone na época.
No último dia 15 de dezembro uma reunião técnica foi realizada para busca de soluções para os efeitos da estiagem lagoa. Além da prefeita Simone Marquetto, também participou o Diretor do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Davi Ayub. Na pauta foram discutidos os caminhos para solucionar esse momento de baixo nível de água da lagoa, por conta da falta de chuva. “A pesar dos vários investimentos que já foram feitos, cada vez mais a prefeitura busca soluções técnicas que tragam resultados efetivos”, divulgou a prefeitura a época.
Sobre a atual situação, o Correio procurou a prefeitura, que informou que analisa medidas, em conjunto com os órgãos técnicos competentes, com relação ao volume da lagoa, tendo em vista o maior período de escassez hídrica registrado no país nos últimos 91 anos. “É importante destacar que de acordo com alerta emitido pela Defesa Civil Estadual, estão previstos grandes volumes de chuva para Itapetininga e toda região durante o fim de ano”, informou.