Vou contar uma história. Aliás é história e não estória, pois a última forma não vingou. Depois do preâmbulo curtíssimo, eis a história: O seu nome era Valdomiro, porém era conhecido por Vado. Era empregado de uma grande firma e o seu salário era bom e para muitos que o conheciam era muito bom, boníssimo.
Resolveu construir uma casa bem grande, confortável, bela, aprazível e outros adjetivos superlativos. Deveria ter começado com a edícula, pois poderia aproveitar para guardar o material da construção ou morar nela enquanto construía o seu casarão. Derrubou a casa, onde morava, herança do seu pai e deixou o quintal limpo e bem limpo. Não teve a prudência de fazer o cálculo e esqueceu da ordem de Cristo, embora fora do contexto: “Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas”. Levantou as paredes e colocou a laje e parou, pois não tinha mais dinheiro para terminá-la. A construção era de trezentos e cinquenta metros quadrados.
Vado começou a construção com muito afoito e não fez os cálculos de quanto iria gastar e quanto tinha para dispor. Tinha que pagar aluguel, sustentar a esposa e a filha, pagar os construtores, comprar material e, embora ganhasse bem, o dinheiro não deu.
A Bíblia, que é a Palavra de Deus, é a única regra de fé e prática do cristão. É regra de fé, uma vez que ela ensina que Jesus, o Deus encarnado, é o único Redentor e intercessor do cristão. Ensina que o homem para ter a salvação precisa ter fé no sacrifício vicário de Cristo e demonstrar essa fé pelas obras. Ensina que Jesus é o único mediador entre Deus e o homem. A Bíblia é regra de prática, visto que ensina como o homem deve se portar neste mundo.
Jesus, certa ocasião, numa aula, discorrendo sobre a prudência e a providência, disse: “Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar”.
Valdomiro não conseguiu construir a sua casa. Tinha olhos grandes e salário pequeno para a grande construção. É verdade que ele tinha uns parentes ricos, porém todos sumiram na hora que ele precisava de dinheiro. Ninguém quis parceria com ele. Há um provérbio popular que assim reza: “Não conte com os ovos, antes da galinha botar”.
Meu irmão, não faça nada de afogadilho. Some, calcule, meça. Não confie nos homens e no dinheiro dos outros. Ninguém gosta de emprestar e ser fiador de quem não tem condições de pagar. A propósito, Salomão aconselha: “Filho meu, se ficaste por fiador do teu companheiro, se deste a tua mão ao estranho, enredaste-te com as palavras da tua boca: prendeste-te com as palavras da tua boca. Livra-te como a gazela da mão do caçador e como a ave da mão do passarinheiro”. (Prov. 6).
Hoje o esqueleto da casa está escurecido pelo tempo e morada dos morcegos e escorpiões. Coitado do Vado!