No final e bem no final do ano dois mil e vinte, houve uma conjunção planetária com a Lua, Saturno e Júpiter. Eles ficaram alinhados, exibindo uma beleza indescritível. Alguns estudiosos do assunto aproveitaram da ocasião natalina e procuraram explicar o fenômeno do aparecimento de uma estrela, na época do nascimento de Jesus, com a conjunção planetária. Deixo a Astronomia para quem é astrônomo e trato do assunto do ponto de vista teológico e bíblico.
Mateus, o evangelista, ao narrar as circunstâncias da vinda dos magos, quando Jesus nasceu, afirma que eles chegaram em Jerusalém e perguntavam: Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Diziam, também, que tinham visto a sua estrela no Oriente.
É interessante notar o linguajar dos magos. O Pe. Antônio Vieira, o maior orador do século XVII, no sermão da Epifania, pregado na Capela Real no ano de mil seiscentos e sessenta e dois, cita um dos pais da Igreja e diz que repara muito são Máximo em que esta estrela que guiou os magos se chame particularmente estrela de Cristo. De fato, concluo eu, que os magos disseram que tinham visto a sua estrela. “Sua” é um pronome possessivo. Todas as estrelas são de Cristo, pois ele é Deus e como tal criou todas para sua glória. João, o apóstolo, no seu evangelho, afirma que “por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez”.
Davi, o rei poeta, no salmo dezenove, afirma: “Os céus proclamam a glória de Deus…”. Moisés, o cronista da criação, assevera que Deus, no quarto dia, disse: “Haja luzeiros no firmamento dos céus para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos”. É interessante notar as finalidades deles e entre elas, cita os sinais.
Deus exige que nós, cristãos, preguemos a sua Palavra para salvar os homens da perdição eterna, porém a estrela de Cristo foi criada para ser a pregadora entre os gentios, que não conheciam a Bíblia. Aliás, o apóstolo Paulo, quando escreveu aos romanos, lembrando-se do salmo dezenove, disse: “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detém a verdade pela injustiça…”, “porque o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, pelas obras da criação”. (Rom.1:18 a 21). O apóstolo afirma, ainda, que os atributos divinos podem ser conhecidos pela natureza, tais como: onipotência, onisciência, onipresença e até mesmo a sua própria divindade.
A estrela, portanto, que apareceu aos magos foi uma estrela nova para anunciar o nascimento de Jesus. Foi por isso que os magos, inspirados por Deus, disseram: Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo. Queriam adorar não a estela, mas o Criador da estrela.
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