Valéria foi minha aluna nos tempos idos. Hoje estou aposentado e ela também. Fiquei carcomido pelo tempo, cheio de rugas e algumas de expressão. Ela, contudo, conserva a beleza. Não é aquela beleza da adolescência que parecia um botão de rosa, tentando desabrochar para a vida. É a beleza da velhice. Como o tempo passa!
Ela estava na calçada da rua Paranoá, conversando. Estava de costas e assim não a reconheci, mas quando ela me viu passar e disse: Professor. Virei e logo a reconheci. Era a Valéria. Ela se lembrou de uma aula, quando eu disse: – Se nós tivéssemos nascido para fumar, nasceríamos com uma chaminé na cabeça. Aproveitava as aulas para educar e afugentar os meus alunos do vício.Eu amava os meus alunos e creio que era amado por eles. Eles estudavam e, naquele tempo, decoravam as conjunções, preposições, artigos definidos e indefinidos e sabiam de cor as regras de Matemática. O professor, quando fazia a chamada, o aluno dizia presente, citando uma regra de Matemática. Não podia repetir Os alunos diziam que era a disciplina mais feminina. Os alunos liam Camões, Vieira, Machado de Assis e conheciam as escolas literárias. Faziam pesquisas e análises.
Valéria um dia me perguntou: – Professor, o senhor acredita no amor?
– Sim, disse eu respondendo. A Bíblia fala do amor de Deus e do amor humano. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (São João 3:16) Citei, caro leitor, o versículo de cor. Depois fui citando outros e outros. A minha mãe me preparou para ser Ministro do Evangelho. Ela me doutrinou a seu modo, fazia-me decorar alguns mandamentos, versículos e salmos da Bíblia, portanto eu citei para a Valéria vários textos falando sobre o amor. Ela os achava lindos.
Nesse encontro casual que eu tive com Valéria, ela se lembrou da pergunta que fizera e das palavras paulinas: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.” ( I Cor. 13:1)Ela vivia com o coração cheio de amor e eu, cheio de sonhos. Sonhava acordado e dormindo e a beleza me inspirava e dizia como São Paulo: “O Amor é sofredor, é benigno…” Procurava definir o meu amor e o amor divino.
Decorava os sonetos líricos de Camões e recitava-os nos saraus, sendo aplaudido pelas meninas que me olhavam sorrindo. Hoje, depois de tanto tempo, não sei se elas sorriam para mim ou de mim. Sorriam e os seus olhos brilhavam. Naquele tempo, lia e relia “A suprema excelência do amor”, escrita por Paulo, hoje leio a parte final: -“ Quando eu era menino falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.”( I Cor.13)
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