A maldição do Teatro que não se concretizou

Em fins dos anos 30, um samba brejeiro, de Assis Valente, cantado por Carmem Miranda encontrava-se em voga, principalmente porque uma das estrofes apregoava que “O mundo ia se acabar” e, após muito preparo e agitação, “O mundo não se acabou”. Por analogia, ou pequena similitude, decorridos quase 14 anos, ou precisamente, em abril de 1943, um célebre ator brasileiro, Mario Salaberry, vaticinou tenebrosamente que “Itapetininga jamais construiria teatro de espécie alguma, e a arte cênica não teria de vingar de maneira nenhuma na cidade, embora esforços fossem feitos nesse sentido”
O artista que excursionava com sua companhia, junto com a esposa Zilka Salaberry, se apresentava no extinto Cine “Theatro São José” e o elenco era um dos mais notáveis da época. Dramas e Comédias constituíam espetáculos dos mais apreciáveis em todo Brasil. Depois de algumas peças levadas à cena, em itapetininga, com público diminuto, a empresa chegou ao estado pré-falimentar e os componentes encontravam-se na iminência de passar fome, “tal a necessidade de numerário que não chegava às bilheterias”. Prefeitura e Delegacia de Polícia, além de outros órgãos públicos oficiais providenciaram recursos para que toda companhia teatral retornasse ao Rio de Janeiro.
Foi então, naquela oportunidade, que Mario Salaberry, profundamente magoado lançou o terrível anátema -“jamais, em tempo algum esta terra terá o prazer de contar em seu patrimônio com um verdadeiro teatro, que poderia ser o orgulho da terra”. Prosseguindo enfatizou que nenhuma companhia teatral de conceito viria a Itapetininga para apresentar algum trabalho digno. Com efeito, coincidência ou não, por alguns anos, mesmo com apresentações um pouco tímidas de artistas como Procópio Ferreira, Genésio Arruda, Altair Lima, Lady Francisco, Sandra Bréa, Elizabeth Savala, mais recentemente e outras, os grupos teatrais não encontravam um espaço devidamente apropriado para espetáculos de maior projeção. Apresentados em palcos dos cinemas “Ideal”, “São Paulo ou “São José, com a demolição dos respectivos prédios, as companhias se exibiam em proscênios dos mais inadequados como os dos auditórios “Abílio Vitor”; do anexo à Prefeitura, do palco da “Peixoto” ou então do Centro Cultural. Muitos grupos da capital, por vezes se recusavam a visitar Itapetininga, unicamente em razão de falta de espaço, com melhores condições. São várias as pessoas desta localidade que se lembram – e muito bem – quando ruiu o palco do antigo Grêmio Estudantino Fernando Prestes, na Rua Campos Sales, quando todo telhado do auditório Abílio Vitor veio abaixo e também a ocasião em que a cobertura do anfiteatro da atual Escola Agrícola, desmoronou no bairro do Capão Alto e isto sem citar o desaparecimento de “Mestre” Florêncio, o construtor do legendário Teatro São João, posteriormente adquirido pela Maçonaria “Firmeza”, no Largo do Rosário. Ontem, Itapetininga se engalanou.
Foi inaugurado o Teatro do SESI, uma conquista que deverá resgatar toda história teatral desta cidade, considerado um dos mais modernos do Estado de S. Paulo. E como foi comentado durante as solenidades: “o teatro constitui, desde tempos remotos, anteriores mesmo à nossa era, um dos meios de que o homem se tem servido para se comunicar com a massa popular, oferecendo-lhe uma figuração da alma humana, através de expressões trágicas ou ridículas da vida”.

(*) crônica publicada no livro “Vivas Memórias – volume 2”

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