A morte por um ideal

Quando naquela noite, de 31 de março de 1964, deu-se o golpe que depôs o presidente João Goulart, houve a implantação do Regime Militar no Brasil. Um tempo que já se tornando “passado que não deixou saudade à ninguém “, transformando a nação estiolada da democracia e tempos difíceis de se viver, a não ser para aqueles que se aproveitaram da situação um tanto esdrúxula. Foram praticadas injustiças gritantes e sacrificados cidadãos dos vários segmentos da sociedade. Tudo em nome da “ordem e do progresso”.
De Itapetininga foram prejudicadas muitas pessoas, perseguidas politicamente por se posicionarem contra o regime vigente. Foram demitidos sumariamente dos respectivos empregos, transferidos para outras cidades ou presos sumariamente. Eram funcionários do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e Estrada de Ferro Sorocabana. Saudosos Francisco Lovizoto , Martins, Campos, Joaquim Cardoso, Leite, Bochenco e outros. Esses todos perseguidos na primeira fase do Golpe. Outros, trabalhadores, estudantes e intelectuais seriam visados no final dos anos 60 e início dos 70. É sempre bom lembrar a participação do itapetiningano Monteiro, que lutou contra a ditadura ao lado revolucionário Carlos Lamarca e foi preso e torturado durante três anos, estando na mesma cela que o ex deputado José Genuino Neto.
Dentre mortos e desaparecidos, contam-se milhares, segundo o Livro “ Direito à Memória e à Verdade” , editado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, após as investigações da “Comissão da Verdade”.
Decorridos 53 anos do “Golpe militar”, ou como disse Chico Buarque de Holanda “Pagina infeliz de nossa História”, vale recordar a figura de Luiz Fogaça Balvboni, o Zizo, assassinado em 25 de setembro de 1969, em uma emboscada em São Paulo.
Embora residisse na vizinha São Miguel Arcanjo, onde moram seus parentes, estudou por muitos anos em Itapetininga, formando-se posteriormente na Escola Politécnica da USP, a POLI. Ao mesmo tempo trabalhava na capital, na empresa Geotécnica.
Zizo pertencia à organização política de atividades ALN- Aliança Libertadora Nacional e depois integrou-se à Ala Vermelha, que combatia o regime.
Segundo o livro “Direito à Memória “, Luiz Fogaça Balboni, o Zizo, morreu fuzilado aos resistir à prisão, em São Paulo, em emboscada montada pelos delegados Fleury, Firmino Pacheco e outro delegado de nome Tucunduva, pertencentes ao DOPS.
O relatório encontrado nos arquivos do Dops , de 09 de novembro de 1969, assinado pelo Delegado Ivair Freitas Garcia também descreve o esquema policial para matar Carlos Mariguela. Cinco dias antes pede a promoção de policiais que participaram da operação e faz referência a outras prisões, como a morte de Zizo, informando que teria ocorrido após ter sido baleado na Alameda Campinas , Bairro Cerqueira Cesar, e levado ao Hospital das Clinicas. Naqueles anos difíceis , antes do fim do regime militar, tudo ficou nebuloso para a família e os amigos.
Sua família, com a indenização recebida do Governo Federal, pelo seu assassinato, adquiriu e criou uma área de preservação ambiental no município de São Miguel Arcanjo . Somando 300 hectares da Mata Atlântica, denomina-se “Parque do Zizo”, e segundo seu irmão, Chico Balboni, “perpetuando a memória de um sonhador”. Segundo a professora Beth Abrão, “Zizo constitui fruto de uma época de jovens idealistas que lutavam por um mundo melhor”.

Somando 300 hectares da Mata Atlântica, denomina-se “Parque do Zizo”. Foto – Reprodução/Internet

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