A outra Dilma

Eu era mocinho ainda e, à noite, descia pela avenida olhando o desfile de carnaval e, de repente, eu a vi! Esbelta, morena, em plena flor da juventude, cabelos negros, traços finos, seios grandes e usava fantasia de borboleta com grandes asas azuis! Um deslumbre! Parei na calçada e fiquei contemplando-a… Uma maravilha, mesmo!
Na noite seguinte tive o privilégio de prosear com a moça que me encantou ao desfilar pela escola de samba e gravei seu nome para sempre: Dilma! Mas aquela moça tão bonita e charmosa que povoou meus sonhos de juventude, nunca mais eu vi… Por onde será que anda a morena toda linda do desfile?
O tempo passa e outra Dilma desfila na paisagem… Mas não é mocinha, não prima pela beleza, nem desperta fantasias… Ao contrário, trata-se de uma senhora de aspecto austero, que apareceu na história do país onde sobrevivo e conversa vai, conversa vem, a destemida acabou sendo eleita Presidente da República! Pela primeira vez, uma mulher segura a rédea do carroção batizado de Brasil!
A Dilma que me encantou na juventude, desapareceu igual fumaça em ventania, mas essa que virou excelência eu sou obrigado a olhar sua foto nos jornais todo santo dia! Já tô enjoado… No começo, eu até tinha esperança de que a corajuda mudasse o país para melhor, mas, o pessoal do seu partido parece que nunca antes tinha visto marmelada e quando viu, se lambuzou… E a coisa tá feia, minha gente, mais feia que briga de jacaré à beira do banhado!
A Dilma morena, bonita e sinuosa que eu conheci na juventude desfilou graciosa do começo ao fim na avenida e foi aplaudida, mas, essa a que eu vejo nos jornais, sei não… Todo santo dia os impressos estampam notícias cabeludas e já tem fulano querendo o impeachement da valente…
Não tenho certeza de que essa Dilma continuará desfilando no alto do carro alegórico mal assombrado até o fim! Talvez o carro quebre antes…
Mas… por onde será que desfila a outra Dilma?