(publicada originariamente no sábado, 12 de março de 2005 no “Correio de Itapetininga”, página B4 e republicada agora em homenagem ao Dia dos Namorados)
“Footing” marcou gerações no Largo dos Amores.
Convidados pelo jornalismo da TV – TEM, Alberto Isaac e este redator, fomos entrevistados para contar nossas impressões sobre o Largo dos Amores, ou melhor, como é bem mais conhecida a Praça Marechal Deodoro.
Impressões do passado, evidentemente, pois o Largo, assim como todo o Centro, hoje chama do de “Velho”, perdeu todo seu antigo esplendor social. E no momento da entrevista Alberto e eu, ficamos melancólicos. Pois é… As coisas mudam. Mas como é difícil aceitar estas transformações.
O Largo dos Amores era o “coração” da cidade e seu auge ocorreu nas décadas de trinta, quarenta e cinquenta.
O giro tradicional ao redor da fonte (esta última, data de um mil, novecentos e cinquenta e oito), quando jovens e adultos (desde que fossem solteiros; esta era a condição) procuravam seus lugares nos quatro “grupos de giro”.
Bem próximo a Fonte, as moças de classe média e média alta; depois os rapazes de mesma faixa social.
O terceiro grupo, as moças de nível econômico inferior, trabalhadoras manuais e por último, rapazes e homens já feitos, também de condição econômica inferior. Mesmo assim, todos convivendo no mesmo espaço social: o Largo. Aos sábados e domingos, à noite, era sempre mágica. Os “flertes” (não existia, nem em sonho, o “ficar”, pelo menos não era transparente). As dez horas da noite, o Largo ficava deslumbrante, principalmente quando as pessoas saiam dos quatro cinemas (isto na década de cinquenta) aumentavam o “giro”. Que logo depois ia esvaziando por causa dos bailes nos clubes: Venâncio Ayres, Recreativo e Treze de Maio. Os bares e restaurantes ao redor, sempre lotados. E os grandes comícios políticos: Jânio Quadros, Adhemar de Barros, Juarez Távora, Eduardo Gomes, todos, candidatos a presidente do Brasil em diversas épocas. Atraíam multidões no Largo. Fazem parte do seu folclore.
Falo sempre, para visitantes que há muito não vem para cá, e que aqui passaram sua mocidade. “Sempre dá uma saudade daquele tempo quando o charme da cidade estava naqueles encantadores “giros” de moças e rapazes”.