Agora o goleiro Barbosa descansa em paz

“Hoje, transcorrido esse tempo todo, Barbosa, que já não se encontra conosco e foi condenado ao desterro, está completamente redimido da culpa e poderá descansar em paz, porquanto “vexame e vergonha maior foi este final melancólico da participação do Brasil em sua própria casa, na realização de uma das mais belas Copas do Mundo: derrotas de 7X1, para a Alemanha e 3X0 para a Holanda”. Resultados que, por certo, permanecerão na memória de todos, pelo menos por mais sessenta e quatro anos. ”

Aos 39 minutos dos segundo tempo, o atacante Ghiggia assinala o gol que decretaria a vitória da seleção uruguaia contra o Brasil, conquistando a Copa do Mundo realizada em solo brasileiro, no recém inaugurado Maracanã, na então capital do país, Rio de Janeiro.
A partir daquela fatídica tarde, 16 de julho de 1950 – 64 anos atrás – o goleiro canarinho Barbosa, foi considerado o grande culpado pela “maior tragédia” sucedida no campo esportivo “e que nos deixou frustados”, como sempre acentuou o escritor Nelson Rodrigues.
Barbosa, paulista, atleta de categoria, que iniciou a carreira no antigo e simpático Ipiranga, de São Paulo e brilhou como estrela maior do Vasco da Gama, não conseguiu segurar o chute do uruguaio Ghiggia.
Recordemos, rápidamente, então como o saudoso locutor Pedro Luiz, da Rádio Pan-Americana, narrou o lance do inesquecível gol: “Defendeu Tejera, Danilo recuperou a bola. Danilo perdeu para Júlio Péres, que entregou imediatamente na direção de Miguez. Miguez devolveu a Júlio Perez, que está lutando com Jair da Rosa Pinto, ainda no campo uruguaio. Passou para Ghiggia, Ghiggia devolveu para Júlio Perés, que da em profundidade ao ponteiro direito. Corre Ghiggia. Aproxima-se do gol do Brasil e atira ( torcida vibrando), gol…gol do Uruguai. Ghiggia, segundo gol do Uruguai. 2X1, ganha o Uruguai…”
“Apenas três pessoas, com um gesto, calaram o Maracanã com 200 mil pessoas: Franck Sinatra, João Paulo II e eu. E acredito que outras pessoas não farão isso neste século XX”, declarou enfaticamente, Alcides Edgardo Ghiggia, recordando depois , em rápido instante, os 33 minutos do segundo tempo , que eternizou seu nome como o autor do gol que “praticamente descontrolou o Brasil inteiro”.
Após este jogo – testemunhado por Oswaldo Piedade e os falecidos Amador Leonel e Geraldo Paiva Pereira – reconhecido como uma das maiores catástrofes do Brasil, a culpa recaiu impiedosamente sobre o goleiro Barbosa, embora a sentença não tivesse a chancela de muitos cronistas esportivos daquela época. Havia comentários que toda responsabilidade deveria incidir em Juvenal –zagueiro- que abandonou o centro da área para correr em direção a Schiaffini, completamente livre. Pois Barbosa ficou apavorado, saiu do gol para chamar a atenção de Juvenal e “neste momento Ghiggia chutou entre meu corpo e a trave esquerda. Dei um salto de gato e embora tocando na bola, não consegui detê-la”, declarou o goleiro posteriormente.
Depois desta sentida derrota, todos apontaram Barbosa como o responsável pela “desgraça”. Durante mais de meio século o goleiro viveu em situações das mais humilhantes e vexatórias. Era rejeitado em todos os meios sociais, em condições financeiras precárias até que, na década de 1980, o então prefeito da cidade de Praia Grande, no litoral paulista, contemplou-o com uma modesta casa, onde passou a residir até a sua morte.
Lembra-se que os jornais daquele tempo registraram, que Barbosa tentou visitar a concentração da Seleção Brasileira, prestes a disputar um dos mundiais. Foi barrado pelo então técnico Zagallo. “Sua presença poderia produzir maus fluídos aos jogadores e isso poderia desestabilizar o time”, sentenciou Zagallo.
Hoje transcorrido esse tempo todo, Barbosa, que já não se encontra conosco e foi condenado ao desterro, está completamente redimido da culpa e poderá descansar em paz, porquanto “vexame e vergonha maior foi este final melancólico da participação do Brasil em sua própria casa, na realização de uma das mais belas Copas do Mundo: derrotas de 7X1, para a Alemanha e 3X0 para a Holanda”. Resultados que, por certo, permanecerão na memória de todos, pelo menos por mais sessenta e quatro anos.

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