De todos os pais da Igreja com que a Idade Média conta, Agostinho ou Santo Agostinho para alguns, é o que exerceu a mais profunda influência na época. Gosto de ler as suas “Confissões”, bem como a sua obra: “A Cidade de Deus”. Li, quando estava no Seminário Presbiteriano Conservador, a sua biografia escrita por Huberto Rohden. Li e reli. Rohden, a respeito de Agostinho, afirmou: “O cristianismo agostiniano é platônico, religião da luz, da beleza, da estética, do coração, do amor, assim como o cristianismo de Tomás de Aquino é, antes, a religião da inteligência, do raciocínio sóbrio de Aristóteles”.
Filho de Patrício, pagão, e de Mônica, cristã; viveu no período 354 – 430 d.C. Recebeu uma educação elevada de sua mãe, porém quando atingiu a mocidade, entregou-se a uma vida desregrada, fútil e sensual. Nessa época ensinou Retórica em Roma, Cartago e Milão. A sua mãe, no entanto, orava sempre por ele para que se convertesse a Cristo. Entrou para a vida religiosa, tornando-se coadjutor de Hippona e mais tarde bispo. Combateu o maniqueísmo. A sua filosofia é inspirada em Platão. Pregava a existência da certeza, mostrando as contradições da dúvida universal. Provava a existência de Deus pela contingência do mundo, pela necessidade e imortalidade da alma.
Logo após a sua conversão, deixando o maniqueísmo, Agostinho perguntou para Ambrósio qual dos livros sagrados era o melhor para ser estudado. Ambrósio, o teólogo, e grande orador, sem pestanejar, disse: Isaías. A resposta de Ambrósio foi sábia, porque o livro de Isaias apresenta de um modo nítido a visão da graça de Deus. Agostinho, na obra “Confissões”, livro X, indaga: “Quem é Deus? ” Depois, numa linguagem poética, discorre: “Perguntei-o `a terra e disse-me: Eu não sou. E tudo o que nela existe respondeu-me o mesmo. Interroguei ao mar, os abismos e os répteis animados e vivos e responderam-me: Não somos o teu Deus; busca-o acima de nós. Perguntei aos ventos que sopram; e o ar, com os seus habitantes, respondeu-me: Anaxímenes está enganado; eu não sou o teu Deus”. Por fim, ele perguntou para o céu, sol, lua e estrelas e todos disseram: Nós, também, não somos o teu Deus. Finalmente todos exclamaram com alarido: Foi ele quem nos criou”.
Os Reformados, seguindo passo a passo a filosofia de Agostinho, afirmam: Deus é espírito, infinito, eterno e, imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade. Asseveram, ainda, que há um só Deus, o Deus vivo e verdadeiro e que há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo e estas três são um só Deus, da mesma substância, iguais em poder e glória.
Agostinho sobre Deus disse estas palavras que se tornaram proverbiais: -“Vós o incitais que se deleite nos vossos louvores, porque nos criastes para vós e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousar em vós ”. (Frase que está no livro I de sua obra: “Confissões”.