Alzirinha

Não é todo mundo que sabe, mas Itapetininga lançou para o Brasil uma cantora que foi até bastante famosa, da segunda metade da década trinta até a metade dos anos cinquenta do século vinte, lógico. Seu nome: Alzirinha Camargo. Não nasceu aqui, nesta cidade, mas foi criada pelas mãos abnegadas de Etelvina Cavalcanti, uma doce e saudosa senhora que residia na rua Bernardino de Campos (e em seu quintal erguia-se um enorme pinheiro). Nesta casa, até um tempo, funcionava uma escola municipal de educação infantil. Alzirinha, moça vistosa e de rosto bonito, no início da década de 1930 era a “rainha dos flertes” no “giro” do Largo dos Amores em volta da fonte. Quase todos os moços olhavam para ela. Estudava na Escola Normal “Peixoto Gomide”. Era normalista, iria formar-se professora primária. Não sabemos se ela era a primeira aluna (mais adiantada) de sua turma, mas certamente era a primeira voz do orfeão (canto coral) do professor de Música da Escola, o exigente (e coloque exigência nisso!) Modesto Tavares de Lima. Dizem até que seu “Modesto” não iniciava a atividade do canto coletivo sem que Alzirinha estivesse presente. E quando ela contou ao seu querido professor de Música sua pretensão de ser cantora de música popular brasileira, Modesto não gostou. Queria que ela fosse cantora sim, mas de canto lírico ou erudito.

Assim que terminou os estudos, Alzirinha Camargo buscou o seu sonho. Numa época (década de trinta) que ser artista não era “ser séria”, Alzirinha atuou em várias rádios paulistanas, consagrando-se. Depois a radiofonia carioca, os cassinos (da Urca, no Rio da Janeiro e Poços de Caldas, em Minas Gerais e também em Santos, litoral paulista) e em filmes como “Alô, Alô, Carnaval”, da empresa Cinédia, ao lado de Carmem Miranda, famosíssima. E segundo Luís Nassif, economista e crítico da música popular brasileira, ex-articulista da Folha de São Paulo, da TV Brasil (na época de Lula e Dilma) e ainda comunicador das redes sociais, nascido e criado em Poços de Caldas. Nassif conta que numa de suas muitas temporadas no Cassino de lá, Alzirinha Camargo, itapetiningana, recebeu a visita do banqueiro (na época, década de quarenta, um dos homens mais ricos país) Walther Moreira Salles, também ministro da Fazenda do governo presidencial de Getúlio Dornelles Vargas. O banqueiro Walther era, então totalmente apaixonado por ela, propondo-lhe até casamento. Brigaram. E Alzirinha casou-se com um maestro peruano, regente de orquestra de música popular e com ele, foi atuar na América do Sul, Central e do Norte (Alzirinha ficou muito tempo nos Estados Unidos) deixando uma carreira artística sólida no Rio de Janeiro, inclusive, no disco.

De volta ao Brasil, somente em 1954, contratada pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro, onde estrelava um programa semanal, às terças-feiras, à noite, com grande orquestra e auditório. Mas, ela não resistiu e veio cantar em sua Itapetininga, no início de julho daquele ano (1954). Primeiramente no palco do Cine São José (depois Palace) na rua Venâncio Ayres onde foi ovacionada e em seguida no salão nobre do então Instituto de Educação “Peixoto Gomide”. Aqui, Alzirinha Camargo foi recepcionada por algumas de suas contemporâneas como Juliana Fabiano Alves, Nair de Barros Messias de Moraes e as irmãs Esther Barsanti e Pasquina Barsanti Silveira. Flores, muitas flores e muitos aplausos. Alzirinha, no palco do “Peixoto” vestindo um longo vermelho, faiscante, diante de uma plateia lotada foi logo dizendo: – “o diretor dessa querida escola, Antônio Belizandro pediu para que eu não rebolasse muito ao cantar. Pode pegar mal…”.

Em sua volta ao Brasil, Alzirinha cantou muito e voltou algumas vezes para esta cidade como no carnaval de 1957. Morreu quase solitária em 1980, em Santos, litoral paulista. Seu último momento foi acompanhado pela sua amiga do Cassino da Urca, no Rio, uma carioca de família tradicional, com nome artístico de Eros Volusia, bailarina de danças folclóricas brasileiras. Isto, segundo o jornalista e estudioso de MPB, Rui Castro, escritor de vários “best-sellers” e atual articulista da Folha de São Paulo.

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