No meu tempo e já faz muito tempo, havia namoro, noivado e casamento. Não havia esse ficar, pelo menos no meu pequeno mundo. O namoro começava com uma piscadela, um olhar morteiro, um sorriso e por aí vai. Como era bom namorar. Depois vinha o pedido para o pai e o noivado. Só por fim que vinha o casamento, concretização do amor abstrato que se tornava concreto e mais concreto do que se imagina. No namoro havia muitas cartas cheirosas, perfumadas, floridas e poesias e mais poesias românticas. Casemiro de Abreu era o poeta que se destacava, com suas poesias.
Camões, o gênio da língua portuguesa, num soneto, resumindo um texto bíblico, descreve o amor de Jacó por Raquel. Poeticamente assim se expressou: “Sete anos de pastor Jacó servia/ Labão, pai de Raquel, serrana bela; / mas não servia ao pai, servia a ela, / que a ela só, por prêmio, pretendia. / Os dias na esperança de um só dia / passava contentando-se com vê-la; / porém o pai, usando de cautela, / em lugar de Raquel lhe dava Lia. / Vendo o triste pastor que com enganos / Assim lhe era negada a sua pastora, / como se a não tivera merecida, / começou a servir outros sete anos, dizendo: -Mais servira, se não fora / para tão longo amor tão curta a vida”!
Salomão, o rei, filho do rei Davi, cheio de amor escreveu um livro “Cântico dos Cânticos”, descrevendo, definindo, cantando e salmodiando o verdadeiro amor entre um homem e uma mulher. Os teólogos levam o assunto para a religião, como é natural. Afirmam que a mensagem do livro é Comunhão de Cristo com seu povo: sua necessidade, condição e resultado. Não duvido. Mrs. Penn Lewis escreve: “Em Cântico dos Cânticos nos é revelada a história mais íntima do redimido que é levado a conhecer o Senhor, oculto em linguagem só compreendida pelo esclarecimento do Espírito Santo. Vemos como o noivo Celestial atrai a alma, por quem Ele morreu, estabelecendo união real com ela, atraindo-se com as cordas do amor, e fazendo com que, numa experiência real, tivesse sua vida unida a dele”.
Castro Alves, o príncipe dos poetas românticos, amou com intensidade a atriz Eugênia Câmara, por quem se apaixonou, cujo rompimento o fez mergulhar em profunda crise emocional. Uma flor no cabelo, um lenço envolvendo o pescoço, um sorriso, tudo encanta o jovem amante. Castro Alves escreveu uma poesia, cujo título é “Um Laço de Fita”. Na primeira estrofe ele diz: “Não sabes, criança? Stou louco de amores…/ Prendi meus afetos, formosa pepita. / Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?! / Não rias, prendi-me / Num laço de fita. /
Há amores cantados no tempo que passa e que se esvai. Lembro-me de uma carta cheia de amor, escrita por Guimarães Rosa para sua querida Aracy. Diz o escritor famoso de Cordisburgo, cidade de Minas Gerais: “Ara, minha mulherzinha adorada! Estou com tanta saudade de você…” E por aí vai.
Eu, também, caro leitor, amo de todo o meu coração a minha eterna namorada, pois já faz cinquenta e oito anos que sou casado com a Valdiné, parece que foi ontem que me casei e ainda ouço o Pastor recitando a poesia de Bastos Tigre, na hora da bênção: “Aliança, algema divina, a mais doce das prisões, / uma prisão pequenina/ que encerra dois corações”. / ….
Falecidos da Semana
13 DE DEZEMBRO DE 2024 ESTELA DE ALMEIDA ESPOLAOR DATA/LOCAL DO FALECIMENTO: 13/12/2024 ÀS 00:38 HS EM ITAPETININGA-SP IDADE: 100 ANOS PROFISSÃO: APOSENTADA ESTADO CIVIL: VIUVA DO SR. MARIO ESPOLAOR...