“De dia falta água, de noite falta luz”. Este sentencioso bordão era conhecido por toda Itapetininga e “altissonante cantado e ovacionado pela população geral da cidade em épocas passadas”. Constituía-se em severas críticas a respeito da situação bem precária, em que se encontrava o município em relação ao estado calamitoso dos dois elementos básicos e fundamentais para uma cidade funcionar: luz e água.
Uma empresa deficiente (consta ter sido instalada por um político da época ,1912, então proprietário da concessionária), sem nenhuma condição de executar o necessário trabalho, como também oferecendo serviço de baixa qualidade e totalmente insatisfatório.
Frequentes apagões tornaram-se rotineiros, provocando prejuízos sensíveis a toda população e às atividades comerciais e outros setores da cidade.
Embora solicitando melhorias, tanto pela imprensa escrita e falada e, posteriormente através da Câmara de Vereadores, nada foi resolvido. O “precioso líquido estava bem longe das torneiras e a luz elétrica permanecia sempre apagada”, como lembram testemunhas daqueles fatídicos anos.
As poucas indústrias existentes encerram suas atividades nesta localidade, enquanto outras que pretendiam se instalar desistiram do intento, como recorda Oswaldo Piedade, também um dos prejudicados com a falta de energia elétrica e do deficiente setor do abastecimento de água.
Na falta do precioso líquido, moradores recorriam às biquinhas, pequenas fontes de água, localizadas nas imediações próximas ao rio Itapetininga, ao Ribeirão do Chá, ou então situada perto da Estação Sorocabana, ou na Vila Santana, na área denominada Matarazzo.
A situação insuportável durou até outubro de 1958, quando uma multidão se reuniu, após a o apagão ocorrido naquela noite e, centenas de pessoas presentes à sessão cinematográfica no Cine Ideal, se revoltaram e saíram às ruas, acompanhados por outros moradores. Dirigiram-se então à sede da empresa, na Rua Aristides lobo. Quase toda a população local esteve presente, quando nesta ocasião, a sede da concessionária foi totalmente depredada e queimada, logo a seguir.
Com a destruição da sede, na administração de Darci Vieira, o prefeito eleito a seguir, José Ozi, conseguiu restabelecer os serviços de fornecimento de energia elétrica. E, igualmente, o SAE- Serviço de Água e Esgoto, passou por transformações, isto já na administração de Walter Cury (10 anos depois) e a ser administrado pela SABESP na administração de Fernando Rosa (mais 10 anos).
E segundo o comentário, na ocasião, do saudoso Júlio Pucci: “Anos de amargura que cortavam nossas almas, foram aqueles passadas pelos itapetininganos”.
Nestes últimos meses o jovem Lucas Formaggi, neto da escritora Mariana Hiedel e bisneto do saudoso Tufic Assaid, vem pesquisando a história de Itapetininga e está resgatando com muita competência essas passagens em que nossa cidade se transformou.