Muito embora o competente e conhecido Fernando Reinach, biólogo e colunista do Estadão, haja escrito que os “pássaros estão desaparecendo”, poucos acreditam, pois a maior parte da população sequer olha ou pensa sobre esse assunto e se preocupa em verificar a realidade. Não observam nem mesmo o avião que por ventura sobrevoe a cidade.
Existem, por outro lado, pessoas que espiam as nuvens para criar imagens e desenhos, contar carneirinhos e ver como está a situação meteorológica ou alguma novidade a respeito do tempo. Olham os pássaros e seguem a vida tranquilamente sem muita atribulação.
Os pássaros continuam, embora muitas espécies que conhecemos na longínqua infância já tenham desaparecido. Não são grupos muito numerosos, silvam alegre e rapidamente pelos céus e em qualquer tempo que a meteorologia ofereça.
Neste último ano, mesmo presos em nossas casas em consequência à pandemia, por uma felicidade infinita, estamos tendo a grata satisfação de depararmos com um grupo de belos “tucanos” – não aqueles que fazem parte da política do país-, mas as raras aves do Brasil, na Vila Palmira. Assentados nos muros das poucas casas existentes naquele logradouro próximo à Caixa Econômica Federal.
Meus familiares, juntamente com os vizinhos de muitos anos, Dona Ruth e Cláudia Ambrósio, Luciana Matelli, Benedito dos Correios, Therezinha Tambelli, Miguel, Milton e Dulce, estão tendo essa chance e alegria de se deliciarem com o surgimento, quase todas as manhãs, das belíssimas aves da família dos “ranfastídeos”, chamados então de tucanos.
Entoam por algum tempo seus belos cantos, procuram frutas, pois no mato devastado já não as encontram mais, e, com todas as suas cores variadas, brilhantes e aprazíveis, iluminam nossas manhãs. Logo desaparecem nas nuvens e nossos dias começam