As batidas que ainda trazem saudades

Agora elas são poucas em atividade e raras são as empresas ou firmas comerciais que as utilizam porque, praticamente todas, já adotaram computadores dos mais modernos e com maior praticidade. Mas as máquinas de escrever, sem idade definida – pois tanto podem ter 293 anos de idade, como 178, 164, 139 e 134; se portátil, 95: se eletrônica, até 15 – o que escritores, poetas e jornalistas lhes devem é inestimável. Os velhos cartorários como Tereis Almada, Toninho Yared, o falecido Expedito Murat, ou então o empresário Clodoaldo Gomes, ou os saudosos Plínio Marcos de Jesus e Isaltino Válio cuidavam com desvelo de sua Remington e da sua Royal, tanto portáteis como fixas, além de serem festejados como os mais rápidos datilógrafos da época.
A máquina de escrever, segundo historiadores, não tem idade definida e também não teve um inventor determinado, um Graham Bell, um Thomas Edson, e nenhum cientista gritou
“Eureka”, e saiu correndo de um laboratório, com uma lauda escrita na mão. Calcula-se em pelo menos 52 vezes (ou etapas) em que ela foi inventada ou aperfeiçoada. Seus primeiros modelos mais pareciam um bolo de casamento, um piano, um fliperama. Um inglês chamado Henry Mill, obteve primeira patente, em 1714.
A segunda pertencia ao americano Willian Austin, em 1829 e tinha como novidade a arrumação dos tipos numa roda semicircular. Quatro anos depois, o francês Xavier Progin inovou, separando as letras e introduzindo o tabulador. A fita só surgiria em 1841. Até então, as teclas eram lambuzadas de tinta ou pressionadas sobre papel carbono.
O primeiro modelo prático e, por conseguinte comercializável surgiu em 1868, consórcio de cérebros coordenados por Christooher Lathan Sholes, que, cinco anos mais tarde, ofereceu o prodígio à empresa E. Remington & Sons, de Nova York, fabricante de rifles e máquinas de costura. Em setembro de 1873, passou a primeira pela linha de montagem. Só tinha letras minúsculas. E assim foi durante cinco anos, até a invenção do carro e das teclas cuja função em alternar maiúscula e minúscula. Sem esse invento extraordinário, o mundo dos negócios teria demorado alguns ou muitos anos para modernizar-se e outro ritmo teria tido a disseminação da informação escrita e impressa no século passado.
Em Itapetininga diversas escolas de datilografia espalhavam-se pela cidade, destacando-se as de João Custódio de Oliveira, depois pertencente a Ari Bodo e Jarbas Ribas, na Rua Venâncio Ayres: a de João Jubran e seu filho, na Monsenhor Soares e também na Saldanha Marinho e Quintino Bocaiúva; a de Manoel José Vieira, que foi Secretário e Prefeito de Itapetininga, também na Monsenhor Soares, onde se localiza atualmente a “Oje Turismo”, e a de Martinico de Morais, “seu Martinico”, professor de estenodatilografia da antiga Escola de Comércio.
As. máquinas de escrever estão quase morrendo e muita coisa se perdeu com isso: dos ruídos à textura, do contato físico com o papel aos avisos estrepitosos de que mais uma linha de texto foi completada e mais uma página, vencida. Expressões como “catar milho”, datilografar, pretinhas, tabulador, carro, fita, limpa-tipos, margarida, papel carbono, caíram da moda. Quase todos os escritórios e redações de jornais ganharam atmosfera laboratorial, tornando rigorosamente obrigatório o ar refrigerado.
Muitos nesta cidade ainda se lembram de Antônio Yared, considerado um velocista no teclado, que “num jato só, num rolo de papel, escrevia na base de duzentas palavras por minuto, seguido por Clodoaldo e Plínio Marcos de Jesus”. Não menos famoso ficou Moisés Ozi, que escrevia, consertava e comercializava máquinas de escrever de todas as marcas, sendo que em sua residência, na Vila Ozi, colecionava os “devaneios de ferro com desvelo e carinho”.
Guisepe Ghiaroni, escritor, que produzia novelas para a Rádio Nacional e Televisão Bandeirantes, escreveu um poema “Máquina de escrever” em que pedia a sua mãe que vendesse tudo que era dele, menos a sua Remington. E finalizava:

Deixa-a morrer também, quando eu morrer,
deixa-a calar numa quietude extrema,
à espera do meu último poema,
que as palavras não dão para fazer.
Conserva-a, minha mãe, no velho lar,
conservando os meus íntimos instantes,
e nas noites de lua, não te espantes
quando as teclas baterem devagar.

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