No Brasil a discutida urna eletrônica surgiu em 1996. Antes, os votos eram impressos em papéis chamados cédulas, onde vinham escrito o nome do candidato que o eleitor fosse escolher. Juntamente com o voto impresso havia toda a dinâmica do corre-corre do evento eleitoral.
Aqui em Itapetininga as eleições para a escolha dos prefeitos e vereadores, assim como deputados estaduais, federais, senadores, governadores e presidência da república era uma festa! Não havia limites para a propaganda mesmo no dia do evento. Valia tudo para levar o eleitor as urnas. Algumas vezes até eram acompanhados na entrada das salas eleitoral por cabos eleitorais ávidos e guerreiros. Muitos deles recebiam salários para isso. Não era nenhuma devoção a candidatos e partidos políticos. Mesmo que o eleitor já tivesse um candidato, o assédio era enorme. Alguns candidatos a vereador, eles próprios, agitavam os corredores das escolas (geralmente eram nas escolas a votação).
Algumas vezes aconteciam brigas entre partidários de um ou outro candidato para “caçar” votantes. Haviam os chamados currais eleitorais, quando um candidato trazia seus “simpatizantes” (às vezes pegos a força) em caminhões, davam almoço e jantar, não deixando nenhum sair do grupo para não desviar das notícias. Eram votos certos.
No dia da escolha, a cidade ficava repleta de cédulas com o nome dos candidatos. Também pessoas levantando bandeiras, retratos, colantes dos seus partidos, gritando seus nomes e até ensaiando passos de danças carnavalescas. Nenhum adulto maior ou igual dezoito anos passava impune ao dia eleitoral.
Na pós-eleição as coisas não terminavam. Haveria a contagem de votos, geralmente no Fórum. E isto causava um enorme impacto. Vigilância total entre os membros dos partidos e o pessoal que contava as células. Os contadores ficavam espremidos pela plateia em geral. Não podiam dar um passo. Os mesários eram o foco de atenção de todos. De suas mãos sairiam os vencedores. Tais mesários eram convocados entre pessoas (consideradas de bem!) das mais variadas posições sociais e profissões. Para alguns era um enorme sacrifício pois ficariam confinados por dias. Para outros era um prazer. Com o tempo, estes dias de contagem seriam beneficiados por ausência nos serviços quando acabassem sua missão.
Como a contagem era demorada (dias e dias) e sendo transmitida pelo rádio, possibilitava que os ouvintes marcassem em cadernos o resultado alcançado pelos seus candidatos (muitos tinham tempo para isso!).
Muitos candidatos a cargos importantes vinham para cá para contar suas propostas. Nas décadas de 1950 e 1960, as conversas eram face a face, não televisionadas: para os cargos de presidência da república e governador aconteciam grandes comícios aqui, no Largo dos Amores, aglutinando milhares de itapetininganos ao redor dos palanques como os de Adhemar de Barros (para governador e presidente), Juarez Távora (militar, candidato a presidente em 1955), Jânio Quadros (fenômeno político, para presidente em 1960) e outros mais. Nota: Jânio Quadros ganhou mais renunciou oito meses depois, deixando o Brasil numa de suas maiores crises. Nestes comícios de grande porte, muitos deles tornaram-se exuberantes em manifestações nacionais: cantava-se o hino nacional, a bandeira nacional trepidava solenemente, lacinhos verde-amarelos nas lapelas de camisas e casacos, cédulas eram lançadas ao ar. Enfim, festa, festa, festa.
Hoje tudo mudou, inclusive as urnas. São agora eletrônicas. Mas a paixão pelo poder continua e aparece mais e mais. Estão polarizadas pela rivalidade extrema de dois candidatos. Esperamos que na próxima, seja livre (embora muito e muito ameaçada). Esperemos dia 2 de outubro.
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