Estreou no último dia 23 na plataforma de “streaming” Netflix, o documentário “Pelé”, com pouco menos de duas horas de duração, uma produção realizada pela agência Pitch Internacional e dirigida por David Pryhorn. O filme mostra Pelé no ápice de sua carreira futebolística entre as Copas do Mundo de 1958 (realizada na Suécia) e 1970 (no México), período que compreende os três primeiros títulos mundiais da seleção brasileira, todos com a presença do “Atleta do Século XX”. Sim, esse título foi dado ao esportista brasileiro por competentes juízes da “mídia” internacional.
Vejam bem, não só o melhor jogador de futebol do mundo, mas o atleta do século XX. Isto envolveu não só a habilidade de tocar a bola, driblar o adversário, cabecear, chutar (com as duas pernas), ter visão total do jogo para passar a bola para outros da equipe, levar a bola para frente, sempre para frente, como um bom atacante, procurar o gol até o último momento e até não ser muito bonzinho em campo.
“Atleta do Século XX” significa que Pelé foi o mais perfeito esportista do século passado, se comparado com outros, de outras esferas como: tênis, natação, volleyball, basquete, corrida, jóquei, esgrima, halterofilista, fisiculturista, judô, futebol americano, tiro, enfim, tudo o mais. E tudo bem também que o futebol possuí uma maior visibilidade por ser “das multidões”. Mas, mesmo sendo coletivo, a individualidade dele, Pelé, chamado de “Rei”, era considerada excepcional. Tinha um corpo físico perfeito para a habilidade que escolheu. Um corpo cuja as pernas (principalmente a direita, lógico) e cabeça que marcaram quase 1.300 gols. Um corpo que tanto foi forçado nos gramados nacionais e internacionais que teve consequências. Com problemas na região da bacia, Pelé foi operado e devido a um erro médico, ficou com uma enorme dificuldade de caminhar sem andador e até de cadeira de rodas.
Aliás, as cenas iniciais do documentário da “Netflix”, Pelé mostra tal dificuldade. Dificuldade também que Pelé (Edson Arantes do Nascimento) possuí a responder perguntas feitas pelo diretor David Pryhorn em relação ao comportamento político do “Rei”.
Aparece no documentário o aperto de mão com o general ditador Emílio Garrastzu Médici, então presidente do Brasil à época do tri campeonato mundial (1970), quando o país viveu seu período de maior repressão durante a ditadura brasileira. Quando perguntado se ele sabia das torturas e assassinatos dos opositores ao regime, que estava acontecendo, Pelé responde: -“Se eu dissesse que não sabia estaria mentindo. Mas era difícil saber (na época) o que era verdade e o que era mentira”. Seu companheiro de México, 1970, Paulo Cezar (Caju) sempre criticou Pelé pela sua indecisão de posição, principalmente contra o racismo. Já o crítico de futebol Juca Ksouri em artigo sobre o documentário, na seção “Esporte” na “Folha de São Paulo”, de 19 de fevereiro de 2021: -“Se ele se posicionasse politicamente como em campo não seria ‘Rei’, seria Deus”. Também Juca Ksouri coloca: -“Futebolisticamente há sérias dúvidas sobre Pelé ser humano”. Ainda: -“Mas, nenhuma dúvida a respeito dele não ser normal. Ele chora e ri”. E o documentário da Netflix mostra tudo isso. Confira.