Faleceu no último sábado, 16, o cantor e compositor carioca Carlos Lyra, o Carlinhos, aos noventa anos de idade. É bem provável que estas últimas gerações nunca ouviram falar no seu nome e figura, mas sua arte musical deverá ficar (para sempre) nos anais da história da música popular brasileira. Carioca, nascido lá pelos lados do bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, zona sul, Carlinhos (para os mais íntimos e assim ficou).
Em 1954, aos vinte anos de idade ganhou de sua mãe um violão e começou a dedilhá-lo. Ele não se conformava com o tipo de música popular brasileira que era feita nesta época: acordes ainda tradicionais. Não havia evolução no samba (que era o ritmo predominante em todo o Brasil, através do rádio). Nem no ritmo e nem nas letras cujos temas eram sempre de amores traídos, abandonados, desfeitos, finais infelizes, enfim, tristezas de viver (embora alguns se tornaram obras primas da música brasileira).
Carlinhos Lyra começou a pensar então numa forma de tocar o samba, a marchinha, o samba-canção que seriam acompanhadas com letras não tão trágicas, com finais felizes, amores perfeitos. Em suma era uma classe média economicamente bem mais confortável e que atendia aos clamores de um grupo (de jovens, principalmente) da chamada zona sul do Rio, que residiam nos bairros do Leblon e Ipanema, principalmente.
Os encontros musicais da turma (que começava a profissionalizar-se) era no apartamento da cantora Nara Leão em Copacabana. Entre os frequentadores, um rapaz tímido, de poucas palavras chamado João Gilberto, que depois se tornaria um dos mitos de um nova modalidade de música, a bossa-nova. Os outros seriam Vinicius de Moraes e Antônio Carlos Jobim, o Tom. E foi Tom Jobim que disse que Carlinhos Lyra foi o maior melodista da canção brasileira de todos os tempos. E Carlos Lyra fez tudo por merecer. Suas composições como “Primavera”, “Minha namorada”, “Você e eu”, atestam isto.
Mas Carlinhos não ficou apenas nas doces canções da bossa-nova. Ele foi um dos precursores da música política, em protesto contra a ditadura civil militar brasileira de 1964. Compôs o hino da U.N.E (União Nacional dos Estudantes, com sede no Rio). Outra: “Comedor de gilete”, uma outra ainda: “Maria Moita”, que conta as agruras da mulher no trabalho doméstico.
A música de Carlinhos no que se refere a bossa-nova é tocada no mundo todo. Influenciando até o jazz norte americano.
Se fato é foto…
O casal itapetiningano, atualmente morando na cidade de Guarulhos/SP, Mary Ellen (administradora de empresas) e Fabrício Agapito (empresário). Foto – Arquivo Pessoal